ALLAN KARDEC

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

ENCONTRO DE NATAL



"Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção...
Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo.
Entretanto, misturada ao regozijo que te acalenta a esperança, carregas a névoa sutil de recôndita angústia, como se trouxesses no peito um canteiro de rosas orvalhado de lágrimas!...
É que retratas no espelho da própria emoção o infortúnio de tantos outros companheiros que foram inutilmente convidados para a consagração da alegria.
Levantaste no lar a árvore da ventura doméstica, de cujos galhos pendem os frutos do carinho perfeito; entretanto, não longe, cambaleiam seguidores de Jesus, suspirando por leve proteção que os resguarde contra o frio da noite; banqueteias-te, sob guirlandas festivas, mas, a poucos passos da própria casa, mães e crianças desprotegidas, aguardando o socorro do Cristo, enlanguescem de fadiga e necessidade; repetes hinos comovedores, tocados pela serena beleza que dimana dos astros; no entanto, nas vizinhanças, cooperadores humildes do Mestre choram cansados de penúria e aflição; abraças os entes queridos, desfrutando excesso de conforto; contudo, à pequena distância, esmorecem amigos de Jesus, implorando que lhes dê a benção de uma prece e o consolo de uma palavra afetuosa, nas grades dos manicômios ou no leito dos hospitais..
Sim, quando refletes na glória da Manjedoura, sentes, em verdade, a presença do Cristo no coração!
Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, através do eterno amor que se derramou das estrelas.
Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de alguém!..."


Meimei


(Do livro"Antologia do Natal", obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier - )

INSPIRAÇÃO DO NATAL



"Ouves a música do Natal e sentes que o coração se te transforma numa conha de alegrias e lágrimas.
É a luz do passado que te retoma o caminho e, com ela, reencontras Jesus na tela das emoções mais íntimas.
"Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra!"...
Diante de cada nota da inolvidável melodia, tornas ao regaço do lar, pelos prodígios da memória, revendo particularmente os que te amaram, com quem não podes trocar, de imediato, o abraço do carinho aconchegante...
Aqui, neste recanto do pensamento, escutas as orações maternas que te falavam de Deus; ali, reconstituis a imagem de teu pai, apontando-te no firmamento a seara rutilante dos astros; além, regressas ao convívio de professores inesquecíveis que te abençoaram a infância; e, mais além ainda, contemplas, de novo, afeições diletas que as provas e dificuldades do cotidiano não te arredaram da alma!...
O amor refulge em ponto sempre mais alto, na trilha das horas, e Jesus nos reaparece, a pedir que também nos amemos, a começar daqueles que nos rodeiam.
Não te detenhas!...
Reparte não apenas a mesa farta que te emoldura o júbilo festivo, mas oferece igualmente a ternura que se te extravasa do sentimento.
Se alguém te feriu, perdoa... E, se feriste a alguém, cobre o gesto impensado com a luz da humildade que te fará recuperar o apreço de teus irmãos.
Divide o agasalho que te sobre, ante as necessidades do corpo; no entanto, esparze a compreensão além dos limites de tuas próprias conveniências e, quanto se faça possível, estende auxílio e coragem aos companheiros caídos nas sombras da perturbação ou da culpa.
Natal é Jesus volvendo a nós, batendo-nos à porta da alma, a fim de que volvamos também a Ele...
Descerremos o coração para que o Senhor nasça na palha singela da nossa esperança de paz e renovação.
E, enquanto a vida imortal brilha sobre nós, à feição da estrela divina, dentro da noite inesquecível, seja cada um de nós, de uns para com os outros, no Natal e em todos os dias, a presença do amor e o amparo da benção"


Memei


(Do livro "Os Dois Maiores Amores", obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier -)

NATAL DE MARIA



Noite...Natal!...Na hora derradeira,
Sozinha num brejão, com sede e fome,
Morre jogada à febre que a consome
A velhinha Maria Cozinheira...


Lembra o Natal dos tempos de solteira,
Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,
Mas, de repente, vê que tudo some,
Está livre do corpo e da canseira!...

Ouve cantos no céu que se descerra:
- "Glória a Deus nas Alturas!...Paz na Terra...".
Maria, sem querer, sobe espantada...


Nisso, irrompe do azul divina estrela...
Alguém surge!... É Jesus a recebê-la
No sublime clarão da madrugada.


Cornélio Pires


(Texto extraído do livro "Antologia do Natal", obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier).