ALLAN KARDEC

domingo, 16 de dezembro de 2012

O QUE É A MORTE?



"A primeira sensação de identidade que se sente depois da morte parece aquela que se sente ao despertar durante a vida, quando, retornando pouco a pouco à consciência da manhã, se está ainda atravessado pelas visões da noite.
Solicitado pelo futuro e pelo passado, o Espírito procura, ao mesmo tempo, retomar plena posse de si mesmo e agarrar as impressões fugidias do sonho desvanecido, que passan ainda nele com o seu cortejo de quadros e de acontecimentos.
Por vezes, absorvido por essa retrospecção de um sonho cativante, sente sob a pálpebra que se fecha, as urdiduras da visão se renovarem, e o espetáculo continuar; ao mesmo tempo, ele cai no sonho e numa espécie de sonolência.
Assim balança a nossa faculdade pensante ao sair desta vida, entra uma realidade que ela ainda não compreende.
Nesta situação do Espírito, não há nada de espantoso em que alguns não creiam estar mortos.
A morte não existe.
O fato que designais sob este nome, a separação do corpo e da alma, não se efetua, verdadeiramente
dizendo, sob uma forma material comparável às separações químicas dos elementos no mundo físico. Não se percebe mais dessa separação definitva que não parece tão cruel do que a criança recém-nascida não se percebe de seu nascimento; somos nascidos na vida futura como o fomos na vida terrestre.
Unicamente, não estando mais envolvida das faixas corpóreas que a revestem neste mundo, adquire mais prontamente a noção do seu estado e de sua personalidade.
Esta faculdade de percepão varia, no entanto, de uma alma a outra.
Há as que durante a vida do corpo, não se elevaram jamais para o céu e jamais se sentiram ansiosas em penetrar as leis da criação.
Aquelas, ainda dominadas pelos apetites corpóreos, permanecem por muito tempo no estado de perturbação insconciente.
Há outras delas, felizmente, que, desde esta vida, voam sobre suas aspirações aladas para os cimos do belo eterno; aquelas vêem chegar com calma e serenidade o instante da separação; elas sabem que o progresso é a lei da existência e que entrarão no além, numa vida superior àquela sua daqui; seguem passo a passo a letargia que prepara o seu coração, que quando o último batimento, lenta e insensível, o detém em seu curso, elas já estão acima de seu corpo, do qual observam o adormecimento, e, livrando-se dos laços magnéticos, elas se sentem rapidamente levadas, por uma força desconhecida, para o ponto da criação onde suas aspirações, seus setimentos, suas esperanças, as atraem."
( Camille Flammarion, professor de astronomia, ligado ao observatório de Paris )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Março de 1867, de Allan Kardec )

domingo, 2 de dezembro de 2012

A COMÉDIA HUMANA


"A vida do Espírito encarnado é como um romance, ou antes como uma peça de teatro, da qual cada dia percorre-se uma folha contendo uma cena.
O autor é o homem; as personagens são as paixões, os vícios e as virtudes, a matéria é a inteligência, disputando a posse do herói que é o Espírito.
O público é o mundo em geral, durante a encarnação, os Espíritos na erraticidade, e o censor que examina a peça para julgá-la em última instância e estimular uma censura ou um louvor ao autor, é Deus.
Fazei, pois, de sorte de vos aplaudir o mais frequentemente possível.
Não procureis o interesse senão nas situações naturais que possam servir para triunfar a virtude, desenvolver a inteligência e moralizar o público.
Lembrai-vos que a posteridade vos apreciará o justo valor!
Quando a peça acabar e a cortina, atirada sobre a última cena, vos colocar em presença do gerente universal, do diretor infinitamente onde se passa a comédia humana: estareis a sós com o juiz supremo, imparcial, equitativo, justo.
Que a vossa obra seja séria e moralizadora, porque é a única que tem algum peso na balança do Todo-Poderoso.
É preciso que cada um restitua à sociedade pelo menos o que dela recebe.
Aquele que dela se vá sem restituir ao menos o que lhe dispensou, é um ladrão, poque esbanjou uma parte do capital inteligente e nada produziu.
Todos podem ser honestos, bons cidadãos, e restituir à sociedade o que a sociedade lhes emprestou.
Para que o mundo esteja em progresso, é preciso que cada um deixe uma lembrança útil de sua personalidade, uma cena a mais nesse número infinito de cenas úteis que os membros da Humanidade deixaram desde que a vossa Terra serve de lugar de habitação aos Espíritos.
Fazei, pois, que se leia com interesse cada uma das folhas de vosso romance e que não se a percorra unicamente de olhar, para fechá-la com tédio, antes de ter lido a metade."
( Eugène Sue )

( Texto extraído da "Revista Espírita", Março de 1867, de Allan Kardec )

A SOLIDARIEDADE


"Glória a Deus, e paz aos homens de boa vontade!
O estudo do Espiritismo não deve ser vão.
Para certos homens levianos, ele é um passatempo; para os homens sérios, ele deve ser sério.
Refleti em uma coisa antes de tudo. Não estais sobre a Terra para nela viver à moda dos animais.
Tudo vive, tudo respira na Natureza, só o homem sente e se sente.
Homem, sede homem; sabei donde vindes e para onde ides.
Sois o filho amado daquele que tudo fez e que vos deu um fim, um destino que deveis cumprir sem conhecê-lo absolutamente.
Vós SOIS, sede-o reconhecendo; mas, ser não é tudo, é preciso ser segundo as leis do Criador, que são vossas próprias leis.
Lançai na existência, sois ao mesmo tempo causa e efeito.
Mas, as vossas leis podeis segui-las. Ora a principal é esta: O homem não é um ser isolado, é um ser coletivo.
O homem é solidário do homem.
É em vão que procura a felicidade em si mesmo ou naquilo que o cerca isoladamente: ele não pode encontrá-la senão no HOMEM ou na HUMANIDADE.
É da moral o que vos ensino.
Olhai ao vosso redor, o que nada de mais ordinário, do que a necessidade de vos alimentar e de vesitr?
É a isto que tendem os vossos cuidados, todos os vossos esforços.
O Espiritismo bem compreendido é para a vida da alma o que o trabalho material é para a vida do corpo.
Ocupai-vos dele neste obejtivo, e tende por certo que, quando o tereis feito, para vos melhorar moralmente, a metade do que fizestes para melhorar a vossa existência material, tereis feito dar um grande passo à Humanidade."
( Um Espírito )

( Texto extraído da "Revista Espírita", Março de 1867, de Allan Kardec )

COMUNICAÇÃO PROVIDENCIAL DOS ESPÍRITOS


"Os tempos são chegados em que a palavra do profeta deverá ser cumprida: "Derramarei, disse o Senhor, de meu Espírito, sobre toda a carne, e vossos filhos profetizarão, vossos velhos terão sonhos."
O Espiritismo é esta difusão do Espírito Divino vindo instruir e moralizar todos esses pobres deserdados da vida espiritual que, não vendo senão a matéria, esquecem que o homem não vive só de pão.
À alma, emanação do Espírito Criador, é preciso um alimento espiritual.
Enquanto o homem niglegencia em cultivar o seu Espírito e permanece absolvido pela procura ou a posse dos bens materiais, sua alma está de alguma sorte estacionária.
É por isto que, apesar dos ensinos dados pelo Cristo para fazer a Humanidade avançar, ela está ainda tão atrasada, não tendo querido o egoísmo apagar diante dessa lei de caridade que deve mudar a face do mundo, e dele fazer uma morada de paz, e de felicidade.
Mas a bondade de Deus é infinita; é porque lhes envia esses mensageiros divinos que vêm lhes lembrar que Deus não os criou para a Terra, que nela não estão senão por um tempo, a fim de que, pelo trabalho, desenvolvam as qualidades depositadas em germe em sua alma, e que, cidadãos dos céus, não devem se comprazer num estágio inferior à sua ignorância, onde somente as suas faltas os retem.
Agradecei, pois, ao Senhor, e saudai com alegria o advento do Espiritismo, uma vez que é o cumprimento das profecias, o sinal brilhante da bondade do Pai de misericórdia, e para vós uma nova chamada a esse desligamento da matéria, tão desejado, uma vez qaue só ele pode vos proporcionar uma verdadeira felicidade."
( Louis de France )

( Texto extraído da "Revista Espírita", Fevereiro de 1867, de Allan Kardec )

A CLAREZA


"Neste século de luz, o que mais falta, é a clareza!
Caros Espíritas, tendes encontrado em todas as camadas sociais essa força do raciocínio que a maioria de inteligências dos seres chegados?
Não tendes, ao contrário, a certeza de que a grande maioria de vossos irmãos está estagnada numa ignorância malsã?
Por toda a parte herezias e más ações!
Luz, clareza, sois a essência de todo movimento inteligente!
A luz expulsará as lágrimas, as dificuldades, os sombrios desesperos, a negação das coisas divinas, todas as más vontades!
Mas as máscaras serão arrancadas e saberemos, então, se os gozos, a fortuna e o sensualismo são bem os emblemas da vida e da liberdade.
A clareza é útil em tudo e a todos; ao embrião como ao homem, é preciso a luz! sem ela tudo caminhará às cegas, e a alma às cegas, procura a alma.
É por isto, Espíritas, que vos deveis a todas as clarezas. Ensinareis as grandes leis espíritas aos irmãos que nada sabem do papel que Deus lhes assinala.
O Espiritsmo, também, estrada luminosa, deve, como o que rasgou, há dezoito séculos, o véu sombrio dos séculos de ferro, conduzir os terrestres à conquista das verdades prometidas.
Trabalhar com  este objetivo é ser adepto do Filho de Belém, é ser filho de Deus, de quem emanam toda luz e toda clareza."
( Sonnez)

( Texto extraído da "Revista Espírita", Fevereiro de 1867, de Allan Kardec )

AS CAUSAS DAS DOENÇAS


"O que é o homem?...
Um composto de três princípios essenciais: o Espírito, o perispírito e o corpo. A ausência de um qualquer destes princípios levaria ao aniquilamento do ser no estado humano.
Se, pois, temos três princípios presentes estes três princípios devem reagir um sobre o outro, e se seguirá a saúde ou a doença segundo houver entre eles harmonia perfeita ou desacordo parcial.
Se a doença ou a desordem orgânica, como se queira chamá-la, porcede do corpo os medicamentos materiais, sabiamente empregados bastarão para restabelecer a harmonia geral.
Se a perturbação vem do perispírito, se é uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se acha alterado, será preciso uma medicação em relação com a natureza do órgão para que as funções possam retornar seu estado normal.
Se a doença procede do Espírito, não se poderia empregar, para combatê-la, outra coisa do que uma medicação espiritual.
Se, enfim, como é o caso mais geral, e se pode dizer mesmo aquele que se apresenta exclusivamente, se a doença procede do corpo, do perispírito e do Espírito, será preciso que a medicação combata, ao mesmo tempo, todas as causas da desordem, por meios diversos, para obter a cura.
Ora, o que fazem geralmente os médicos?
Eles cuidam do corpo, curam-no; mas curam a doença? Não. Por que?
Porque o perispírito, sendo um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá se tornar causa com relação a este; e se está entravado, os órgãos materiais que se encontram em realação com ele estarão igualmente atingidos em sua vitalidade.
Cuidando do corpo destruís o efeito; mas a causa residindo no perispírito, a doença virá de novo quando os cuidados cessarem , até que se tenha percebido que é preciso levar em outra parte a sua atenção, cuidando fluidicamente o princípio fluídico mórbido.
Se, enfim, a doença procede da mens, o Espírito, o perispírito e o corpo, colocado sob sua dependência, serão entravado em suas funções, e não é nem cuidando de um, nem cuidando do outro que se fará desaparecer a causa.
Não é, pois, colocando a camisa de força num louco, ou lhe dando pílulas ou duchas, que se chegará a levá-lo ao seu estado normal; somente se acalmarão seus sentidos revoltados; acalmarão seus acessos, mas não se destruirá o germe senão em combatendo-o por seus semelhantes , fazendo da homeopatia espiritual e fluidicamente, como se o faz materialmente, dando ao doente, pela prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, segundo os casos, como se lhe dá uma dose infinitesimal de brucina, de digitalina ou de acônito.
Para se destruir uma causa mórbida, é preciso combatê-la em seu terreno."
( Doutor Morel Lavallée )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Fevereiro de 1867, de Allan Kardec )