ALLAN KARDEC

domingo, 2 de dezembro de 2012

A COMÉDIA HUMANA


"A vida do Espírito encarnado é como um romance, ou antes como uma peça de teatro, da qual cada dia percorre-se uma folha contendo uma cena.
O autor é o homem; as personagens são as paixões, os vícios e as virtudes, a matéria é a inteligência, disputando a posse do herói que é o Espírito.
O público é o mundo em geral, durante a encarnação, os Espíritos na erraticidade, e o censor que examina a peça para julgá-la em última instância e estimular uma censura ou um louvor ao autor, é Deus.
Fazei, pois, de sorte de vos aplaudir o mais frequentemente possível.
Não procureis o interesse senão nas situações naturais que possam servir para triunfar a virtude, desenvolver a inteligência e moralizar o público.
Lembrai-vos que a posteridade vos apreciará o justo valor!
Quando a peça acabar e a cortina, atirada sobre a última cena, vos colocar em presença do gerente universal, do diretor infinitamente onde se passa a comédia humana: estareis a sós com o juiz supremo, imparcial, equitativo, justo.
Que a vossa obra seja séria e moralizadora, porque é a única que tem algum peso na balança do Todo-Poderoso.
É preciso que cada um restitua à sociedade pelo menos o que dela recebe.
Aquele que dela se vá sem restituir ao menos o que lhe dispensou, é um ladrão, poque esbanjou uma parte do capital inteligente e nada produziu.
Todos podem ser honestos, bons cidadãos, e restituir à sociedade o que a sociedade lhes emprestou.
Para que o mundo esteja em progresso, é preciso que cada um deixe uma lembrança útil de sua personalidade, uma cena a mais nesse número infinito de cenas úteis que os membros da Humanidade deixaram desde que a vossa Terra serve de lugar de habitação aos Espíritos.
Fazei, pois, que se leia com interesse cada uma das folhas de vosso romance e que não se a percorra unicamente de olhar, para fechá-la com tédio, antes de ter lido a metade."
( Eugène Sue )

( Texto extraído da "Revista Espírita", Março de 1867, de Allan Kardec )

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