ALLAN KARDEC

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A VINGANÇA



"A vingança é doce ao coração, disse o poeta.
Oh! pobres cegos que dão um livre curso às mais odiosas das paixões, credes fazer mal ao vosso próximo quando lhes dais vossos golpes, e não sentis que eles se voltam contra vós mesmos.
Ela não é somente um crime, mas uma absurda imperícia; ela é, com seus irmãos, o rancor, o ódio, o ciúme, filhos do orgulho, o meio do qual se servem os Espíritos das trevas para atraírem a si aqueles que temem ver lhes escapar; é o mais infalível instrumento de perdição que possa ser colocado nas mãos do homens pelos inimigos que se obstinam em sua queda moral.
Resisti, filhos da Terra, a esse culpável arrastamento, e estejais seguros de que, se alguém mereceu a vossa cólera, não será a explosão de vosso rancor que encontrareis a calma de vossa consciência.
Colocai entre as mãos do Todo-Poderoso o cuidado de se pronunciar sobre os vossos direitos e sobre a justiça de vossa causa.
Há na vingança alguma coisa de ímpia e de degradante para o Espírito.
Não, a vingança não é compatível com a perfeição; enquanto uma alma dela conserva o sentimento, ela fica no baixio do mundo dos Espíritos.
Fazei de maneira, vós que me escutais, que tendo libertado vossa alma desse culpado e odioso móvel dos atos mais contrários à caridade, mereçais ser admitidos no recinto sagrado do qual só a caridade pode abrir as portas."
( Pierre Ange, Espírito protetor )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Agosto de 1862, de Allan Kardec )

O PERDÃO



"Como se pode, pois, encontrar em si a força de perdoar?
A sublimidade do perdão é a morte do Cristo sobre o Gólgota!
Ora, eu já vos disse que o Cristo havia resumido em sua vida todas as angústias e todas as lutas humanas.
Todos aqueles que mereceram o nome de cistãos antes de Jesus Cristo morreram com o perdão sobre os lábios: os defensores das liberdades oprimidas, os mártires das verdades e das grnades causas compreenderam de tal modo a importância e a sublimidade de sua vida, que não faliram no último momento e perdoaram.
Ah! quantos são mesquinhos e miseráveis aqueles que possuem o mundo e não perdoaram!
Quanto é grande aquele que tem no futuro dos séculos todas as humanidades espirituais, e que perdoa!
O perdão é uma inspiração, frequentemente um conselho dos Espíritos.
Infelizes aqueles que fecham seus corações a essa voz: serão punidos, como dizem as Escrituras, porque tinham ouvidos e não escutaram.
Pois bem! se quereis perdoar, se vos sentis fracos diante de vós mesmos, contemplai a morte do Cristo.
Quem conhece a si mesmo triunfa facilmente de si mesmo.
Sócrates ensinava que havia um Ser Superior e, algum tempo depois, séculos antes de Cristo, ensinava a toda a nação grega a morrer e a perdoar.
O homem vicioso, baixo e fraco, não perdoa; o homem habituado às lutas pessoais, às reflexôes justas e sadias, perdoa facilmente."
( Lamennais )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Agosto de 1862, de Allan Kardec )

BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO



"As diferentes ações meritórias do Espírito depois da morte são, sobretudo, as do coração, mais do que as da inteligência.
Bem-aventurados os pobres de espírito não quer dizer unicamente bem-aventurados os imbecis, mas bem-aventurados aqueles que, cheios dos dons da inteligência, deles não fazem uso para o mal, porque é uma arma muito poderosa para arrebatar as massas. Entretanto, a inteligência desconhecida sobre a Terra será um grande mérito diante de Deus.
Com efeito, o homem poderoso em inteligência, e lutando contra todas as circuntâncias infelizes que vêm assaltá-lo, deve se regozijar destas palavras: "Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros"; o que não deve se entender na ordem unicamente material, mas também para as manisfestações do Espírito e das obras da inteligência humana.
As qualidades do coração são meritórias, porque as circunstâncias que podem impedi-las são bem pequenas, bem raras, bem fúteis.
A caridade deve brilhar por toda a parte, apesar de tudo, para todos, como o Sol está para todo o mundo.
O homem pode impedir a inteligência de seu próximo de se manifestar, mas nada pode sobre o coração.
As lutas contra a adversidade, as angústias da dor, podem paralisar os impulsos do gênio, mas não podem parar os da caridade."
( Lamennais )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Fevereiro de 1862, de Allan Kardec )

ESQUECIMENTO DAS INJÚRIAS



"Minha filha, o esquecimento das injúrias é a perfeição da alma, como o perdão das ofensas feitos à vaidade é a perfeição do Espírito.
Foi mais fácil a Jesus perdoar os ultrajes de sua Paixão quanto não é fácil, ao último dentre vós, perdoar uma leve zombaria.
A grande alma do Salvador, habituada à doçura, não concebia nem a amargura, nem a vingança; os nossos, obtendo o que é pequeno, esqueceria o que é grande.
Cada dia os homens imploram o perdão de Deus que desce sobre eles como benfazejo orvalho; mas seus corações esquecem essa palavra, sem cessar repetida na prece.
Eu vos digo, em verdade, o fel interior corrompe a alma; é a pedra pesada que a fixa ao solo e retém a sua elevação.
Quando sois censurados, centrai em vós mesmos; examinai vosso pecado interior: aquele que o mundo ignora; medi sua profundidade, e curai vossa vaidade pelo conhecimento de vossa miséria.
Se, mais grave, a ofensa alcança o coração, lamentai o infeliz que a comete, como lamentais o ferido cuja ferida aberta deixa correr o sangue: a piedade é devida àquele que aniquila seu ser futuro.
Jesus, no Jardim das Oliveiras, conheceu a dor humana, mas ignorou sempre as asperezas do orgulho e as mesquinharias da vaidade; encarnou-se para mostrar aos homens o tipo de beleza moral que  deveria lhe servir de modelo: dela não vos afasteis nunca.
Modelai vossas almas como a cera mole, e fazei que vossa argila transformada torne-se um mármore imperecível que Deus, o grande escultor, possa assinar."
( Lazáro )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Fevereiro de 1862, de Allan Kardec )

A FÉ



"Eu sou a irmã mais velha da Esperança e da Caridade, chamo-me a Fé.
Sou grande e forte; aquele que me possui não teme nem o ferro e nem o fogo: é a prova de todos os sofrimentos físicos e morais. Irradio sobre vós com um faixo cujos jatos faiscantes se refletem no fundo dos vossos corações, e vos comunica a força e a vida.
Diz-se entre vós que ergo as montanhas, e eu vos digo: venho erguer o mundo, porque o Espiritismo é a alavanca que deve me ajudar.
Uni-vos, pois, a mim, eu sou a\ Fé.
Eu sou a Fé! Habito, com a Esperança, a Caridade e o Amor, o mundo dos puros Espíritos; frequentemente, deixei as regiões etéreas e vim sobre a Terra para vos regenerar, dando-vos a vida do Espírito; mas, à parte os mártires dos primeiros tempos do Cristianismo, e alguns ferverosos sacrifícios, de longe em longe, ao progresso da ciência, das letras, da indústria e da liberdade, não encontrei, entre os homens, senão indiferença e frieza, e retornei tristemente meu vôo para os céus; vós me crieis em vosso meio, mas vos enganastes, porque a Fé sem obras é uma aparência de Fé; a verdadeira Fé é a vida e ação.
Antes da revelação do Espiritismo, a vida era estéril, era uma árvore seca pelos estrondos do raio que não produzia nenhum fruto. Não se me reconhecia pelos meus atos: eu ilumino as inteligências, aqueço e fortaleço os corações; expulso para longe de vós as influências enganadoras e vos conduzo a Deus pela perfeição do Espírito e do coração.
Vinde vos alinhar sob minha bandeira, sou poderosa e forte: eu sou a Fé.
Eu sou a Fé, e o meu reino começa entre os homens; reino pacífico que vai torná-los felizes para o tempo presente e pela eternidade.
A aurora de meu advento entre vós é pura e serena; seu sol será resplandecente, e seu deitar virá docemente embalar a Humanidade nos braços das felicidades eternas.
Espiritismo! Derrama sobre os homens o teu batismo regenerador; faço-lhes um apelo supremo: Eu sou a Fé."
( Georges, Bispo de Périgueux )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Fevereiro de 1862, de Allan Kardec )

sábado, 6 de outubro de 2012

EFEITOS DA PRECE



"A prece é uma aspiração sublime, à qual Deus deu um poder tão mágico que os Espíritos a reclamam para si constantemente.
Carvalho delicado, que é como um refresco para o pobre exilado sobre a Terra e um arranjo frutífero para a alma sentir.
A prece age diretamente sobre o Espírito que lhe é o objetivo; ela não muda seus espinhos por rosas, ela modifica sua vida de sofrimento, - nada podendo sobre a vontade imutável de Deus, - imprimindo-lhe esse vôo de vontade que revela a sua coragem, dando-lhe a força para lutar contra as provas e dominá-las. Por esse meio, o caminho que conduz a Deus é abreviado e nada pode, como efeito maravilhoso, ser comparado à prece.
Aquele qaue blasfema contra a prece não pode ser senão um Espírito ínfimo, de tal modo terrestre e recuado, que não compreende mesmo porque deve agarrar-se a essa tábua de salvação para salvar-se.
Orai: é uma palavra descida do céu, é a gota rósea do cálice de uma flor, é o sustento da roseira durante a tormenta, é a prancha do pobre náufrago durante a tempestade, é o abrigo do mendingo e do órfão, é o berço da criança para dormir.
Emanação divina, a prece é que nos liga a Deus pela linguagem, é o que nos interessa; o orar, é o amor; o implorar para seu irmão é um ato de amor dos mais meritórios.
A prece que vem do coração tem a chave dos tesouros da graça; é a economia que dispensa os benefícios em nome da infinita misericórdia.
A alma elevada para Deus, por um desses impulsos sublimes da prece, livre de seu envoltório grosseiro, se apresenta cheia de confiança diante dele, parece segura de obter o que pede com humildade.
Orai, oh! Orai, fazei um reservatório de vossas santas aspirações, que será derramado no dia da justiça.
Preparai o celeiro da abundância, tão precioso durante a penúria; escondei o tesouro de vossas preces até o dia escolhido por Deus para distribuir o rico depósito.
Amontoai para vós e para vossos irmãos, o que diminuirá as vossas angústias e vos fará transpor, com mais celeridade, o espaço que vos separa de Deus.
Refleti em tua miserável natureza, conta tuas decepções, teus perigos, sonda o abismo tão profundo onde tuas paixões podem te arrastar, olha ao redor de ti aqueles que caem, e sentirás a necessidade imperiosas de recorrer à prece; é a âncora de salvação que impedirá a ruptura de teu navio, tão transtornado pelas tormentas do mundo."
( Um Espírito familiar )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Novembro de 1861, de Allan Kardec )

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A PRECE



"Tempestade das paixões humanas, abafador dos bons sentimentos, dos quais todos os Espíritos encarnados têm, no fundo da consciência, uma vaga intuição, quem acalma a vossa fúria?
É a prece que deve proteger os homens contra o fluxo desse oceano cujo seio esconde os monstros horrendos do orgulho, da inveja, do ódio, da mentira, da impureza, do materialismo e das blasfêmias.
O dique que lhe opondes pela prece está construído pela pedra e o cimento mais duro, e em sua impossibilidade de transpô-lo, vêm se consumir em vãos esforços contra ele e retornam sanguinolentos e contundidos para o fundo do abismo.
Ó prece de coração, invocação incessante da criatura ao Criador, se se conhecesse a tua força, quantos corações afastados pela fraqueza teriam recorrido a ti no momento de cair!
Tu és o precioso antídoto que cura as feridas, quase sempre mortais, que a matéria faz ao Espírito fazendo correr em suas veias o veneno de suas sensações brutais.
Mas quanto é restrito o número daqueles que oram bem!
Credes que depois de terdes consagrado uma grande parte de vosso tempo recitando fórmulas que aprendestes, ou a lê-las em vossos livros, tendes muito mérito de Deus?
Desenganai-vos; a boa prece é aquela que parte do coração; não é difusa; somente, de tempos em tempos, ela deixa escapar, em aspirações para Deus, seu grito, ou de aflição ou de perdão, como para implorar-lhe virem em nosso socorro, e os bons Espíritos a levam aos pés do Pai justo e então, ele os envia em multidões numerosas para fortificar aqueles que pedem muito contra o Espírito do mal; tornam-se fortes como os rochedos inabaláveis; vêm se quebrar contra eles as vagas das paixões humanas, e como se alegram nesta luta que deve lhes encher de mérito, contróem, como a alcíone, seu ninho no meio das tempestades."
( Fénelon )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Julho de 1861, de Allan Kardec )

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TRANSFORMAÇÃO PELO ESPIRITISMO



"Venho falar-te da coisa que mais importa, nesta época de crise e transformação, no momento em que as nações vestem roupa viril, no momento em que o céu descoberto vos mostra, flutuando nos espaços infinitos, os Espíritos daqueles que acreditáveis dispersos como moléculas ou servindo de pasto aos vermes; neste momento solene é necessário que se armando da fé, o homem não caminhe mais às cegas nas trevas do personalismo e do materialismo.
Como outrora os pastores, guiados por uma estrela, vieram adorar o Menino-Deus, é necessário que o homem, guiado pela brilhante aurora do Espiritismo, caminhe enfim, para a Terra prometida da liberdade e do amor; é necessário que, compreendendo o grande mistério, saiba que o objetivo harmonioso da Natureza, seu rítimo admirável, são os modelos da Humanidade.
Nessa espantosa diversidade que confunde os Espíritos, distingui a perfeita semelhança das relações entre as coisas criadas e os seres criados, e que essa poderoso harmonia vos inicie a todos homens de ação, poetas, artistas, trabalhadores, à união na qual devem fundir-se os esforços comuns durante a peregrinação da vida.
Caravanas assaltadas pelas tempestades e pelas adversidades, estendei-vos mãos amigas, e caminhai com os olhos fixos no Deus justo que recompensa ao cêntuplo, aquele que tiver aliviado o fraco e o oprimido."
( Georges )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Junho de 1861, de Allan Kardec )

O PROGRESSO INTELECUTAL E MORAL



"Eu venho vos dizer que o progresso moral é o mais útil a adquirir, porque nos corrige de nossas más tendências, e nos torna bons, caridosos e devotados para com nossos irmãos.
Entretanto, o progresso intelectual também e útil para o nosso adiantamento, porque eleva a alma, nos faz julgar mais sadiamente as nossas ações, inicia-nos nos ensinamentos que Deus nos fez dar há séculos por tantos homens de méritos diversos, que vieram sob todas as formas e em todas as línguas, para nos fazer conhecer a verdade, e que não eram outros senão os Espíritos já avançados, enviados por Deus para o desenvolvimento do entendimento humano.
Mas, no tempo em que viveis, a luz não claraeava senão um pequeno número, vai luzir para todos.
Trabalhai, pois, para compreender a grandeza, o poder, a magestade, a justiça de Deus, para compreender a sublime beleza de suas obras; para compreender as magníficas recompensas concedidas aos bons e os castigos infligidos aos maus; para compreender, enfim, que o único objetivo ao qual deveis aspirar, é o de vos aproximar dele."
( Georges )


( texto extraído da "Revista Espírita", Maio de 1861, de Allan Kardec )

A INGRATIDÃO



"É necessário sempre ajudar os fracos e àqueles que tem o desejo de fazer o bem, embora sabendo de antemão que não será recompensado por aqueles a quem se o faz, porque aquele que vos recusa agradecer por tê-lo assistido não é sempre tão ingrato como o imaginais: bem frequentemente ele age segundo os objetivos que Deus se propôs, mas seus objetivos não são, e muito frequentemente não podem ser, apreciados por vós.
Que vos baste saber que é necessário fazer o bem por dever e amor a Deus, porque Jesus disse: "Aquele que não faz o bem senão por interesse já recebeu a sua recompensa."
Sabei que se aquele a quem prestai serviço esquece o benefício, Deus vo-lo terá mais em conta do que se estivesses já recompensado pela gratidão de vosso protegido."
( Sócrates )


( texto extraído da "Revista Espírita", Março de 1861, de Allan Kardec )

A VOZ DO ANJO GUARDIÃO



"Todos os homens são médiuns; todos tem um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo.
Agora que alguns comunicam diretamente com ele por uma mediunidade particular, que outros não ouvem senão pela voz do coração e da inteligência, pouco importa, não deixa de ser o seu Espírito familiar que os aconselha.
Chama-o Espírito, razão, inteligência, é sempre uma voz que responde à vossa alma e vos diz boas palavras; somente não as compreendeis sempre.
Nem todos sabem agir segundo os conselhos dessa razão, mas não essa razão que se arrasta e rasteja antes que não caminhe, essa razão que se perde no meio dos interesses materiais e grosseiros, mas essa razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta para regiões desconhecidas; chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que eleva o filósofo, impulso que arrebata os indivíduos e os povos, razão que o vulgo não pode compreender, mas que aproxima o homem da divindade, mais do que nenhuma outra criatura; entendimento que sabe conduzi-lo do conhecido ao desconhecido, e  fá-lo executar as coisas mais sublimes.
Escutai, pois, essa voz do interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião que vos estende as mãos do alto do céu."
( Channing )


( texto extraído da "Revista Espírita", Janeiro de 1861, de Allan Kardec )

NASCESTE PARA A LIBERDADE



"O homem é o joguete dos acontecimentos, diz-se frequentemente; de quais acontecimentos se quer falar?
Quais seriam as causas, o seu objetivo?
Nunca se viu o dedo de Deus.
Esse pensamento vago e materialista, mãe da fatalidade, tem desviado mais de um Espírito, mais de uma profunda inteligência.
Balzac disse, vós o sabeis: "Não há princípios, não há senão acontecimentos;" quer dizer, segundo ele, o homem não tem mais o livre arbítrio; a fatalidade o toma no berço e o conduz até o túmulo; monstruosa invenção do Espírito humano!
Este pensamento abate a liberdade; a liberdade quer dizer o progresso, a ascenção da alma humana, demonstração evidente da existência de Deus.
Se o homem se deixasse pois, conduzir, seria escravo de tudo: dos homens e de si mesmo!
Ó homem!
Desce em ti; nasceste para a servidão?
Não;
Nasceste para a liberdade."
( Lamennais )


( texto extraído da "Revista Espírita", Novembro de 1860, de Allan Kardec )

O NADA DA VIDA



"Meus bons amigos de adoção, permite-me vos dizer algumas palavras, como conselhos.
Deus me permite vir a vós; quanto não posso vos comunicar todo ardor que tenho em meu coração, e que me animava para o bem!
Crede em Deus, o autor de todas as coisas; amai-o, sede bons e caridosos; a caridade é  a chave do céu.
Para vos tornar bons, pensai algumas vezes na morte; é um pensamento que eleva a alma e a torna melhor, tornando-a humilde; porque o que se é sobre a Terra? Um átomo lançado no espaço; bem pouca coisa no Universo.
O homem não é nada, ele faz número.
Quando olha diante de si, quando olha para trás, é ainda o infinito; sua vida, por longa que seja, é um ponto na eternidade.
Pensai então em vossa alma, pensai na vida nova que vos espera, porque não podeis duvidar que haja uma, quando isso não seria senão desejos de vossa alma que jamais foram satisfeitos, o que é uma prova de que devem estar num mundo melhor."
Até breve."
( S.Swetchine )


( texto extraído da "Revista Espírita", Novembro de 1860, de Allan Kardec )

O TEMPO PERDIDO



"Se pudésseis refletir por um instante sobre a perda do tempo, mas nisso refletir bem seriamente, e calcular o erro imenso que fizestes, veríeis o quanto essa hora, esse minuto decorrido inutilmente, e que não podeis recuperar, poderia ser necessário ao vosso futuro.
Todos os tesouros da Terra não poderiam restituí-la; e se a passastes mal, um dia sereis obrigado a repará-la pela expiação, e talvez de uma maneira terrível! Que não daríeis então para recuperar o tempo perdido!
Votos inúteis; lamentos supérfluos!
Também, pensai bem nisso, está no vosso interesse futuro e mesmo presente; porque, frequentemente, os lamentos nos chegam sobre a própria Terra.
Quando Deus vos pedir conta da existência que vos deu, da missão que tínheis a cumprir, que lhe respondereis?
Sereis como o enviado de um soberano, que, longe de cumprir as ordens de seu senhor, passasse o tempo a se divertir e não se ocupasse de nenhum modo do assunto para o qual fora acreditado; que responsabilidade não encontraria em seu retorno?
Sois nesse mundo os enviados de Deus, e tereis de dar-lhe conta de vosso tempo passado com os vossos irmãos.
Eu vos recomendo esta meditação."
( Massilon )


( texto extraído da "Revista Espírita", Novembro de 1860, de Allan Kardec )

A HIPOCRISIA



"Deveria haver, sobre a Terra, dois campos bem distintos: os homens que fazem o bem abertamente e aqueles que fazem o mal abertamente. Oh bem! Não. O homem não é mesmo franco no mal; ele aparenta a virtude. Hipocrisia! Hipocrisia! Deusa poderosa, quantos tiranos elevaste! Quantos ídolos fizeste adorar! O coração do homem é verdadeiramente muito estranho, uma vez que pode bater estando morto, uma vez que pode amar em aparência a honra, a virtude, a verdade, a caridade! O homem, cada dia, se prosterna diante dessas virtudes, e cada dia ele falta com a palavra, cada dia despreza o pobre e o Cristo; cada dia ele mente, cada dia ele é falso!
Quantos homens parecem honestos pela aparência que frequentemente engana!
Cristo chamou-os sepulcros brancos, quer dizer, a podridão por dentro, o mármore por fora brilhando ao sol.
Homem! Tu parece efetivamente com essa morada da morte, e enquanto teu coração estiver morto, Jesus não inspirará mais; Jesus, esta luz divina que clareia exteriormente, mas que ilumina interiormente.
A hipocrisia é o vício da vossa época, entendei-o bem; e quereis vos fazer grandes pela hipocrisia!
Em nome da liberdade, vos engrandeceis; em nome da moral vos embruteceis; em nome da verdade, mentis."
( Lamennais )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Outubro de 1860, de Allan Kardec )