ALLAN KARDEC

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A PRECE



"Tempestade das paixões humanas, abafador dos bons sentimentos, dos quais todos os Espíritos encarnados têm, no fundo da consciência, uma vaga intuição, quem acalma a vossa fúria?
É a prece que deve proteger os homens contra o fluxo desse oceano cujo seio esconde os monstros horrendos do orgulho, da inveja, do ódio, da mentira, da impureza, do materialismo e das blasfêmias.
O dique que lhe opondes pela prece está construído pela pedra e o cimento mais duro, e em sua impossibilidade de transpô-lo, vêm se consumir em vãos esforços contra ele e retornam sanguinolentos e contundidos para o fundo do abismo.
Ó prece de coração, invocação incessante da criatura ao Criador, se se conhecesse a tua força, quantos corações afastados pela fraqueza teriam recorrido a ti no momento de cair!
Tu és o precioso antídoto que cura as feridas, quase sempre mortais, que a matéria faz ao Espírito fazendo correr em suas veias o veneno de suas sensações brutais.
Mas quanto é restrito o número daqueles que oram bem!
Credes que depois de terdes consagrado uma grande parte de vosso tempo recitando fórmulas que aprendestes, ou a lê-las em vossos livros, tendes muito mérito de Deus?
Desenganai-vos; a boa prece é aquela que parte do coração; não é difusa; somente, de tempos em tempos, ela deixa escapar, em aspirações para Deus, seu grito, ou de aflição ou de perdão, como para implorar-lhe virem em nosso socorro, e os bons Espíritos a levam aos pés do Pai justo e então, ele os envia em multidões numerosas para fortificar aqueles que pedem muito contra o Espírito do mal; tornam-se fortes como os rochedos inabaláveis; vêm se quebrar contra eles as vagas das paixões humanas, e como se alegram nesta luta que deve lhes encher de mérito, contróem, como a alcíone, seu ninho no meio das tempestades."
( Fénelon )


( Texto extraído da "Revista Espírita", Julho de 1861, de Allan Kardec )

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