ALLAN KARDEC

segunda-feira, 30 de julho de 2012

PRECE DE EUSÉBIO

CONFORME O LIVRO "NO MUNDO MAIOR", DO ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ, PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER


"Senhor da Vida,
Abençoa-nos o propósito
De penetrar o caminho da Luz!...

Somos teus filhos,
Ainda escravos de círculos restritos,
Mas a sede do Infinito
Dilacera-nos os véus do ser.

Herdeiros da imortalidade,
Buscamos-Te as fontes eternas
Esperando, confiantes, em Tua misericórdia.

De nós mesmos, Senhor, nada podemos.
Sem Ti, somos frondes decepadas
Que o fogo da experiência
Tortura ou transforma...

Unidos, no entanto, ao Teu Amor,
Somos condicionadores gloriosos
De Tua Criação interminável.

Somos alguns milhares
Neste campo terrestre;
E, antes de tudo
Louvamos-Te a grandeza
Que não nos oprime a pequenez...

Dilata-nos a percepção diante da vida,
Abre-nos os olhos
Enevoados pelo sono da ilusão
Para que divisemos Tua glória sem fim!...
Desperta-nos docemente o ouvido,
A fim de percebermos o cântico
De Tua sublime eternidade.
Abençoa as sementes de sabedoria
Que os Teus mensageiros esparziram
No campo de nossas almas;
Fecunda-nos o solo interior,
Para que os divinos germens não pereçam.

Sabemos, Pai,
Que o suor do trabalho
E a lágrima da redenção
Constituem adubo generoso
A floração de nossas sementeiras;

Todavia,
Sem Tua benção
O suor elanguesce
E a lágrima desespera...
Sem Tua mão compassiva,
Os vermes das paixões
E as tempestades de nossos vícios
Podem arruinar-nos a lavoura incipiente,

Acorda-nos, Senhor da Vida,
Para a luz das oportunidades presentes;
Para que os atritos da luta não as inutilizem,
Guia-nos os pés para o supremo bem;
Reveste-nos o coração
Com a Tua serenidade paternal,
Poderoso Senhor,
Ampara-nos a fragilidade,
Corrige-nos os erros,
Esclarece-nos a ignorância,
Acolhe-nos em Teu amoroso regaço.

Cumpram-se, Pai Amado,
Os Teus desígnios soberanos,
Agora e sempre,
Assim seja."

quinta-feira, 26 de julho de 2012

MENSAGEM AOS MÉDIUNS

CONFORME O LIVRO "NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE", DO ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ, PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER


"Meus amigos - guardemos a paz que Jesus nos legou, a fim de que possamos serví-lo em paz.
Em matéria de mediunidade, não nos esqueçamos do pensamento.
Nossa alma vive onde se lhe situa o coração.
Caminhemos, ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for.
....A Lei Divina é o Bem de todos.
....É indispensável ajuizar quanto à direção dos próprios passos, de modo a evitarmos o nevoeiro da perturbação e a dor do arrependimento.
....Evoluimos com a luz eterna, segundo os desígnios de Deus, ou estacionamos na treva, conforme a indébita determinação do "eu".
....Vale a renovação íntima com acréscimo de visão....
....A obssessão é sinistro conúbio da mente com o desequilíbrio comum às trevas.
....A resultante visível de nossas cogitações mais íntimas denuncia a condição espiritual que nos é própria, e quantos se afinam com a natureza de nossas inclinações e desejos aproximam-se de nós, pelas amostras de nossos pensamentos.
....Imaginar é criar.
....Vigiemos o pensamento, purificando-o no trabalho incessante do bem, para que arrogemos de nós a grilheta capaz de acorrentar-nos a obscuros processos de vida inferior.
....A mediunidade torturada não é senão o enlace de almas comprometidas em aflitivas provações, nos lances de reajuste.
E para abreviar a tormenta...é imprescindível atender à renovação mental, único meio de recuperação da harmonia.
Títulos de fé...expressam deveres de melhoria a que não nos será lícito fugir, sem agravo de obrigações.
....Ninguém é médium, na elevada conceituação do termo, somente porque se faça órgão de comunicação entre criaturas visíveis e invisíveis.
É preciso substancializar-lhe a excelcitude em nossas manisfestações de cada dia.
....As almas realmente convertidas ao Cristo lhe refletem a beleza nos mínimos gestos de cada hora, seja na emissão de uma frase curta, na ignorada cooperação em favor dos semelhantes ou na renún cia silienciosa que a apreciação terrestre não chega a conhecer.
....Mediação entre dois planos diferentes, sem elevação de nível moral, é estagnação na inutilidade.
....Jesus espera pela formação de mensageiros humanos, capazes de projetar no mundo as maravilhas do seu Reino.
Ser-lhe-á indispensável a consagração de suas forças às mais altas formas de vida, buscando na educação de si mesmo e no serviço desinteressado a favor do próximo o material de pavimentação de sua própria senda.
....Toda tarefa, para crescer, exige trabalhadores que se dediquem ao crescimento, à elevação de si mesmos.
....Amigos, pensemos no bem e executemo-lo.
....Atentemos, pois, para a obrigação de auto aperfeiçoamento.
....Amor e sabedoria são as asas com que faremos nosso vôo definitivo, no rumo da perfeita comunhão com o Pai Celestial.
Ajustemo-nos ao Evangelho Redentor.
....Procuremos a consciência de Jesus para que a nossa consciência lhe retrate a perfeição e a beleza.
....Comecemos nosso esforço de soerguimento espiritual desde hoje e, amanhã, teremos avançado consideravelmente na grande comunhão!...
Meus amigos, meus irmãos, rogando a Jesus que nos ampare a todos, deixo-vos com um até breve."

quarta-feira, 25 de julho de 2012

PRECE DE ANICETO

CONFORME O LIVRO "OS MENSAGEIROS", DO ESPÍRITO  ANDRÉ LUIS, PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER


"Senhor, ensina-nos a receber as bençãos do serviço!
Ainda não sabemos, Amado Jesus, compreender a extensão do trabalho que nos confiaste!
Permite, Senhor, possamos formar em nossa alma a convicção de que a Obra do Mundo te pertence, a fim de que a vaidade não se insinue em nossos corações com as aparências do bem!
Dá-nos, Mestre, o espírito de consagração aos nossos deveres e desapego aos resultados que pertencem ao teu amor!
Ensina-nos a agir sem as algemas das paixões, para que reconheçamos os teus santos objetivos!
Senhor Amorável, ajuda-nos a ser teus leais servidores, Amoroso, concede-nos, ainda, as tuas lições, Juiz Reto, conduze-nos aos caminhos direitos,
Médico Sublime, restaura-nos a saúde,
Pastor Compassivo, guia-nos à frente das águas vivas,
Engenheiro Sábio, dá-nos o teu roteiro,
Administrador Generoso, inspira-nos a tarefa,
Semeador do Bem, ensina-nos a cultivar o campo de nossas almas,
Carpinteiro Divino, auxilia-nos a construir nossa casa eterna,
Oleiro Cuidadoso, corrige-nos o vaso do coração,
Amigo Desvelado, sê indulgente, ainda, para com as nossa fraquezas,
Príncipe da Paz, compadece-te de nosso espírito frágil, abre nossos olhos e mostra-nos a estrada de teu Reino."

PRECE DE ISMÁLIA

CONFORME O LIVRO "OS MENSAGEIROS", DO ESPÍRITO ANDRÉ LUIS, PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER


"Ó Senhor Supremo de Todos os Mundos
E de todos os seres,
Recebe, Senhor,
O nosso agradecimento
De filhos devedores do teu amor!

Dá-nos tua benção
Ampara-nos a esperança
Ajudá-nos o ideal
Na estrada imensa da vida...

Seja para o teu coração,
Cada dia,
Nosso primeiro pensamento de amor!

Seja para tua bondade
Nossa alegria de viver!...

Pai de amor infinito
Dá-nos tua mão generosa e santa

Largo é o caminho
Grande o nosso débito
Mas inesgotável é a nossa esperança.

Pai amado,
Somos as tuas criaturas
Raios divinos
De tua Divina inteligência.

Ensina-nos a descobrir
Os tesouros imensos
Que guardaste
Nas profundezas de nossa vida,
Auxilia-nos a acender
A lâmpada sublime
Da Sublime Procura!

Senhor,
Caminhamos contigo
Na eternidade!...
Em ti nos movemos para sempre.

Abençoa-nos a senda,
Indica-nos a Sagrada Realização.
E que a glória eterna
Seja em teu eterno trono!...

Resplandeça contigo a Infinita Luz,
Mane em teu coração misericordioso
A Soberana Fonte de Amor,
Cante em tua Criação Infinita
O sopro divino da eternidade.

Seja a tua benção
Claridade aos nossos olhos,
Harmonia ao nosso ouvido,
Movimento às nossas mãos,
Impulso aos nossos pés.

No amor sublime da Terra e dos Céus!...
Na beleza de todas as vidas,
Na progressão de todas as coisas,
Na voz de todos os seres,
Glorificado sejas para sempre,
Senhor."

sábado, 21 de julho de 2012

AS AÇÕES HUMANAS

RESUMO TEÓRICO DO MÓVEL DAS AÇÕES HUMANAS, CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", DE ALLAN KARDEC



872. A questão do livre-arbítrio pode resumir-se assim: o homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não "estavam escritos"; os crimes que comete não são o resultado de um decreto do destino. Ele pode, como prova e expiação, escolher uma existência em que se sentirá arrastado para o crime, seja pelo meio em que estiver situado, seja pelas circunstâncias supervinientes. Mas será sempre livre de agir como quiser. Assim, o livre-arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha da existência das provas; e no estado corpóreo, com a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos submetidos. Cabe à educação combater as más tendências, ela o fará de maneira eficiente quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que rege essa natureza moral chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução e a desídia pela higiene.
O Espírito desligado da matéria, no estado errante, faz a escolha de suas futuras existências corpóreas segundo o grau de perfeição que tenha atingido. É nisso, como já dissemos, que consiste sobretudo o seu livre-arbítrio. Essa liberdade não é anulada pela encarnação. Se ele cede à influência da matéria, é então que sucumbe nas provas por ele mesmo escolhidas. E é para o ajudar a superá-las que pode invocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos.
Sem o livre-arbítrio o homem não tem culpa do mal, nem merito no bem; e isso é de tal modo reconhecido que no mundo se proporciona sempre a censura ou o elogio à intenção, o que quer dizer à vontade; ora, quem diz vontade diz liberdade. O homem não poderia, portanto, procurar desculpas no seu organismo para as suas faltas sem com isso ab dicar da razção e da própria condição humana, para se assemelhar aos animais. Se assim é para o mal, assim mesmo devia ser para o bem. Mas, quando o homem pratica o bem, tem grande cuidado em consignar o mérito a seu favor e não trata de o atribuir aos seus órgãos, o que prova que instintivamente ele não renuncia, malgrado a opnião de alguns sistemáticos, ao mais belo privilégio da sua espécie: a liberdade de pensar.
A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os acontecimentos da vida, qualquer que seja a sua importância. Se assim fosse, o homem seria uma máquina destituida de vontade. Para que lhe serviria a inteligência, se ele fosse invariavelmente dominado, em todos os seus atos, pelo poder do destino? Semelhante doutrina, se verdadeira, representaria a destruição de toda liberdade para o homem, nem mal, nem crime, nem, virtude. Deus, soberanamente justo, não poderia castigar as suas criaturas por faltas que não dependiam delas, nem recompensá-las por virtudes de que não teriam mérito. Semelhante lei seria ainda a negação da lei do progresso, porque o homem que tudo esperasse da sorte nada tentaria fazer para melhorar a sua posição, desde que não poderia torná-la melhor nem pior.
A fatalidade não é, entretanto, uma palavra vã; ela existe no tocante à posição do homem na Terra e às funções que nela desempenha, como consequência do gênero de existência que seu Espírito escolheu, como prova, expiação ou missão. Sofre ele, de maneira fatal, todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas ou más que lhe são inerentes. Mas, a isso se reduz a fatalidade, porque depende de sua vontade ceder ou não a essas tendências. Os detalhes dos acontecimentos estão na dependência das circunstân cias que ele mesmo provoque, com os seus atos, e sobre os quais podem in fluir os Espíritos, através dos pensamentos que lhe sugerem.
A fatalidade está, portanto, nos acontecimentos que se apresentam ao homem como consequência da escolha da existência feita pelo Espírito; mas pode não estar no resultado desses acontecimentos, pois pode depender do homem modificar o curso das coisas, pela sua prudência; e jamais se encontra nos atos da vida moral.
É na morte quie o homem é submetido, de uma maneira absoluta, à inexorável lei da fatalidade, porque ele não pode fugir ao decreto que fixa o termo de sua existência, nem ao gênero de morte que deve interromper-lhe o curso.....
.....A doutrina espírita, admite para o homem o livre-arbítrio em toda a sua plenitude; e ao lhe dizer que, se pratica o mal, cede a uma sugestão má que lhe vem de fora, deixa-lhe toda a responsabilidade, pois lhe reconhece o poder de resistir, coisa evidentemente mais fácil do que se tivesse de lutar contra a sua própria natureza. Assim, segundo a doutrina espírita, não existem arrastamentos irresistíveis; o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta que o solicita para o mal no seu foro íntimo, como o pode fechar à voz material de alguém que lhe fale; ele o pode pela sua vontade, pedindo a Deus a força necessária e reclamando para esse fim a assistência dos bons Espíritos. É isso que Jesus ensina na sublime fórmula da oração dominical, quando nos manda dizer:- "Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal".
Essa teoria da causa excitante dos nossos atos ressalta evidentemente de todos os ensinamentos dados pelos Espíritos.....
..... As faltas que cometemos têm, portanto, sua origem primeira nas imperfeições do nosso próprio Espírito, que ainda não atingiu a superioridade moral a que se destina, mas nem por isso tem menos livre-arbítrio.A vida corpórea lhe é dada para purgar-se de suas imperfeições através das provas que nela sofre, e são precisamente essa imperfeições que o tornam mais fraco e mais acessível às sugestões de outros Espíritos imperfeitos, que se aproveitam do fato para fazê-lo sucumbir na luta que empreendeu. Se ele sai vitorioso dessa luta , se eleva; se fracassa, continua a ser o que era, nem pior, nem melhor; é a prova que terá que recomeçar e para o que ainda poderá demorar muito tempo na condição em que se encontra. Quanto mais ele se depura, mais diminuem as suas fraquezas e menos acessível se torna aos que o solicitam para o mal. Sua força moral cresce na razão da sua elevação e os maus Espíritos se distanciam dele.
Todos os Epíritos mais ou menos bons, quando encarnados, constituem a espécie humana. E como a Terra é um dos mundos menos adiantados, nela se encontram mais Espíritos maus do que bons; eis porque nela vemos tanta perversidade. Façamos, pois, todos os esforços para não regressar a este mundo após esta passagem e para merecermos repousar num mun do melhor, num desses mundos privilegiados onde o bem reina inteiramente e onde nos lembraremos de nossa permanência neste planeta como de um tempo de exílio.

A FATALIDADE

SEGUNDO "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO TERCEIRO, CAPÍTULO X, ITEM VI, DE ALLAN KARDEC


851. Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segundo o sentimento ligado a essa palavra; quer dizer, todos os acontecimentos são predeterminados, e nesse caso em que se torna o livre-abrítrio?
- A fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra. Falo das provas de natureza física, porque, no tocante às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. Um bom Espírito, ao vê-lo fraquejar, pode correr em seu auxílio mas não pode influir sobre ele a ponto de subjugar-lhe a vontade. Um Espírito mau, ou seja, inferior, ao lhe mostrar ou exagerar um perigo físico, pode abalá-lo ou assustá-lo, mas a vontade do Espírito encarnado não fica por isso menos livre de qualquer entrave.
852. Há pessoas que parecem perseguidas por uma fatalidade, independemente de sua maneira de agir; a desgraça está no seu destino?
- São talvez, provas que devem sofrer  e que elas mesmas escolheram. Ainda uma vez levais à conta do destino o que é quase sempre a consequência de sua própria falta. Em meio dos males que te afligem, cuida que a tua consciência esteja pura e te sentirás meio consolado.
As idéias justas ou falsas que fazemos das coisas nos fazem vencer ou fracassar, segundo o nosso caráter e a nossa posição social. Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso amor-próprio atribuir os nossos fracassos à sorte ou ao destino, do que a nós mesmos. Se a influência dos Espíritos contribui algumas vezes para isso, podemos sempre nos subtrair a ela, repelindo as idéias más que nos forem sugeridas.
853. Certas pessoas escapam a um perigo mortal para cair em outro; parecem que não podem escapar à morte. Não há nisso fatalidade?
- Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte. Chegando esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos.
853-a. Assim, qualquer que seja o período que nos ameace, não morreremos se a nossa hora não chegou?
- Não, não morrerás, e tens disso milhares de exemplos. Mas quando chegar a tua hora de partir, nada te livrará. Deus sabe com antecedência qual o gênero de morte porque partirás daqui, e frequentemente teu Espírito também o sabe, pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência.
856. O Espírito sabe, por antecipação, qual o gênero de morte que irá sofrer?
- Sabe que o gênero de vida por ele escolhido o expõe a morrer mais de uma maneira que de outra. Mas sabe também quais as lutas que terá de sustentar para o evitar, e que, se Deus o permitir, não sucumbirá.
858. Os que pressentem a morte geralmente a temem menos do que os outros. Por quê?
- É o homem que teme a morte, não o Espírito. Aquele que a pressente pensa mais como Espírito do que como homem: compreende a sua libertação e a espera.
859. Se a morte não pode ser evitada quando chega a sua hora, acontece o mesmo com todos os acidentes no curso da vida?
- São, em geral, coisas demasiado pequenas, das quais podemos prevenir-vos dirigindo o  vosso pensamento no sentido de as evitardes, poque não gostamos do sofrimento material. Mas isso é de pouca importância para o curso da vida que escolhestes. A fatalidade na  verdade só consiste nestas duas horas: a em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo.
859-a. Há fatos que devem ocorrer forçosamente e que a vontade dos Espíritos não pode conjurar?
- Sim, mas que tu, quando no estado de Espírito, viste e pressentiste, ao fazer a tua escolha. Não acrediteis, porém, que tudo o que acontece esteja escrito como se diz. Um acontecimento é quase sempre a consequência de uma coisa que fizeste por um ato de sua livre vontade, de tal maneira que, se não tivésseis praticado aquele ato, o acontecimento não se verificaria. Se queimas o dedo, isso é apenas a consequência de tua imprudência e da condição da matéria. Somente as grandes dores, os acontecimentos importantes e capazes de influir na tua evolução moral são previstos por Deus, porque são úteis à tua purificação e à tua instrução.
862. Há pessoas que nunca conseguem êxito e que um mau gêncio para perseguir, em todos os seus empreendimentos. Não é isso o que podemos chamar fatalidade?
- Pode ser fatalidade se assim o quiseres, mas decorrente da escolha do gênero de existência, porque essas pessoas quiseram ser experimentadas por uma vida de decepções a fim de exercitarem a sua paciência e a sua resignação. Não creais, entretanto, que seja isso o que fatalmente acontece; muitas vezes é apenas o resultado de haverem elas tomado um caminho errado, que não está de acordo com a sua inteligência e as suas aptidões. Aquele que quer atravessar um rio a nado, sem saber nadar, tem grande probalidade de morrer afogado. Assim acontece na maioria das ocorrências da vida. Se o homem não empreendesse mais do aquilo que está de acordo com as suas falculdades, triunfaria quase sempre; o que o perde é o seu  amor-próprio e sua ambição, que o desviam do caminho para tomar por vocação o simples desejo de satisfazer certas paixões. Então fracassa e a culpa é sua, mas em vez de reconhecer o erro prefere acusar a sua estrela. Há o que teria sido um bom operário, ganhando honradamente a vida, mas se fez mau poeta e morre de fome. Haveria lugar para todos, se cada um soubesse ocupar o seu lugar.
864. Se há pessoas para as quais a sorte é contrária, outras parecem favorecidas por ela, pois tudo lhe sai bem; a que se deve isso?
- Em geral, porque sabem orientar-se melhor. Mas isso pode ser tabmém, um gênero de prova: o sucesso as embriaga, elas se fiam no seu destino e frequentemente vão pagar mais tarde esse sucesso com reveses cruéis, que poderiam ter evitado, com um pouco de prudência.
865. Como explicar a sorte que favorece certas pessoas em circuntâncias que não dependem da vontade nem da inteligência, como no jogo, por exemplo?
- Certos Espíritos escolheram antecipamente determinadas espécies de prazer, e a sorte que os favorece é uma tentação. Aquele que ganha como homem perde como Espírito: é uma prova para o seu orgulho e a sua cupidez.
866. Então, a fatalidade que parece presidir aos destinos do homem na vida material seria também resultado do nosso livre-arbítrio?
- Tu mesmo escolheste a tua prova; quanto mais rude ela for, se melhor a suportas, mais te elevas. Os que passam a vida na abundância e no bem-estar são Espíritos covardes que permanecem estacionários. Assim o número dos infortunados sobrepassa de muito o dos felizes do mundo, visto que os Espíritos procuram na sua maioria, as provas que lhes sejam mais frutuosas. Eles vêem muito bem a futilidade de vossas grandezas e dos v ossos prazeres. Aliás, a vida mais feliz é sempre agitada, sempre perturbada: não seria assim pela ausência da dor.
867. De onde vem a expressão: nascido sob uma boa estrela?
- Velha supertição, segundo a qual as estrelas estariam ligadas ao destino de cada homem; alegoria que certas pessoas fazem a tolice de tomar ao pé da letra.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM VII, DE ALLAN KARDEC


1003. A duração dos sofrimentos do culpado na vida futura é arbitrária ou subordinada a alguma lei?
- Deus nunca age de maneira caprichosa e tudo no Universo é regido por leis que revelam a sua sabedoria e a sua bondade.
1004. O que determina a duração dos sofrimentos do culpado?
- O tempo necessário ao seu melhoramento. O estado de sofrimento e de felicidade sendo proporcional ao grau de pureza de Espírito, a duração e a natureza dos seus sofrimentos dependem do tempo que ele precisa para se melhorar. à medida que ele progride e que os seus sentimentos se depuram, seus sofrimentos diminuem e se modificam.São Luis
1006. A duração dos sofrimentos do Espírito pode ser eterna?
- Sem dúvida, se ele fosse eternamente mau, ou seja, se jamais tivesse de se arrepender nem de se melhorar. Então, sofreria eternamente. Mas Deus não criou seres eternamente votados ao mal. Criou-os apenas simples e ignorantes, todos devem progredir num tempo mais ou menos longo, de acordo com a própria vontade. Esta pode ser mais ou menos retardada, assim como há crianças mais ou menos precoces, mas cedo ou tarde ela se manisfesta por uma irresistível necessidade que o Espírito sente em sair da sua inferioridade e ser feliz. A lei que rege a duração das penas é portanto eminentemente sábia e benevolente, pois subordina essa duração aos esforços do Espírito, jamais lhe tirando o livre-arbítrio; se dele faz mau uso, sofrerá as consequências disso. São Luis
1008. A duração das penas depende sempre da vontade do Espírito não existindo as que lhe são impostas por um determinado tempo?
- Sim, há penas que lhe podem ser impostas por determinado tempo, mas Deus que não desejava senão o bem de suas criaturas, aceita sempre o arrependimento, e o desejo de se melhorar nunca é estéril.São Luis
1009. Segundo isso, as penas impostas jamais seriam eternas?
- Consultai o vosso bom senso, a vossa razão e perguntai se uma condenação perpétua, em consequência de alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de Deus. Que é, com efeito, a duração da vida, mesmo que fosse de cem anos, em relação à eternidade? Eternidade! Compreendeis bem essa palavra? Sofrimento, tortura sem fim e sem esperança, apenas por algumas faltas! Não repugna ao voso próprio cirtério semelhante pensamento? Que os antigos tivessem visto no Senhor do Universo um Deus terrível, invejoso e vingativo, compreende-se; na sua ignorância emprestaram à divindade as paixões dos homens. Mas não é esse o Deus dos cristãos, que coloca o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas no plano das primeiras virtudes; poderia ele mesmo não ter as qualidades que exige como um dever? Não há contradição em se lhe atribuir a bondade infinita e a vingança inifinita? Dizeis que antes de tudo ele é justo e que o homem não compreende sua justiça. Mas a justiça não exclui a bondade e Deus não seria bom se destinasse às penas horríveis e perpétuas a maioria de suas criaturas.Poderia fazer da justiça uma obrigação para seus filhos, se não lhes desse os meios de a compreender? Aliás, não é sublime a justiça unida à bondade, que faz a duração das pensas depender dos esforços do culpado para se melhorar? Nisto se encontra a verdade do preceito: " A cada um segundo as suas obras." Santo Agostinho
Deseja-se incitar o homem ao bem e desviá-lo do mal pelo engodo das recompensas e o terror dos castigos, mas se esses castigos são apresentados de maneira que a razão repele, não terão sobre ele nehuma influência. Longe disso, ele rejeitará tudo: a forma e o fundo. Que se lhe apresente, pelo contrário, o futuro de uma forma lógica,  ele não o recusará. O Espiritismo lhe dá essa explicação.
A doutrina da eternidade das penas, no seu sentido absoluto, faz do Ser Supremo um Deus implacável. Seria lógico dizer-se que um sobernao é mutio bom, muito benevolente, muito indulgente, que não deseja senão a felicidade dos que o rodeiam, mas que ao mesmo tempo é invejoso, vingativo, de um rigor inflexível e que pune com o suplício máximo três quartas partes de seus súditos por uma ofensa ou uma infração às suas leis, ainda mesmo aqueles que faliram por não as conhecer? Não seria isso uma contradição? Pois bem: Deus pode ser menos do que o seria um homem?
Outra contradição se apresenta neste caso. Desde que Deus tudo sabe, sabia então, ao criar uma alma, que ela teria de falir; ela estava desde a formação destinada à infelicidade eterna; isto é possível, é racional? Com a doutrina das penas relativas tudo se justifica. Deus sabia, sem dúvida, que ela teria de falir, mas lhe dá os meios de se esclarecer por sua própria experiência e pelas suas próprias faltas. É necessário que ela expie os seus erros para melhor se firmar no bem, mas a porta da esperança jamais lhe será fechada e Deus faz depender o momento da sua libertação dos esforços que ela fizer para o atingir. Eis o que todos podem compreender, o que a lógica mais meticulosa pode admitir. Se as penas futuras tivessem sido apresentadas dessa maneira, haveria muito menos céticos.
A palavra eterna é quse sempre empregada na linguagem comum em sentido figurado, para designar uma coisa de longa duração e da qual não se prevê o termo, embora se saiba muito bem que esse termno existe. Dissemos, por exemplo, os gelos eternos das altas montanhas, dos pólos, embora saibamos, de um lado, que o mundo físico poe ter um fim, e de outra parte, que o estado dessas regiões pode modificar-se pelo deslocamento normal do eixo da Terra ou por um cataclismo. A palavra eterna, nesse caso, não quer dizer duração infinita. Quando sofremos uma longa doença dizemos que o nosso mal é eterno. Que há, pois, para admirar, se os Espíritos que sofrem desde muitos anos, desde séculos, até mesmo de milhares de anos, também digam assim? Não nos esqueçamos, sobretudo, de que sua inferioridade não lhes permitindo ver o termo da rota, eles crêem sofrer para sempre, o que é para eles uma punição....
No dia em que a religião admitir essa interpretação, bem como outras que são igualmente a consequência do progresso da luzes, reconduzirá ao seu seio muitas ovelhas desgarradas.

EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM VI, DE ALLAN KARDEC


990. O arrependimento se verifica no estado corpóreo ou no estado espiritual?
- No estado espiritual. Mas pode também verificar-se no estado corpóreo, quando bem compreendeis a distinção entre o bem e o mal.
991. Qual é a consequência do arrependimento no estado espiritual?
- O desejo de uma nova encarnação para se purificar. O espírito compreende as imperfeições que o impedem de ser feliz e aspira a uma nova existência, onde possa expiar as suas faltas.
992. Qual é a consequência do arrependimento no estado corpóreo?
- Adiantar-se ainda na vida presente, se houver tempo para reparação das faltas. Quando a consciência reprova e mostra uma imperfeição sempre se pode melhorar.
994. O homem perverso, que durante a vida não reconheceu suas faltas, sempre as reconhecerá depois da morte?
- Sim, sempre as reconhece e então sofre mais porque sente todo o mal que praticou ou do qual foi a causa voluntária. Entretanto, o arrpendimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que se obstinam no mau caminho apesar dos sofrimentos, mas cedo ou tarde reconhecerão haver tomado uma senda falsa e o arrependimento se manifestará. É para os esclarecer que os bons Espíritos trabalham e que vós mesmos podeis trabalhar.
998. A expiação se realiza no estado corpóreo ou no estado de Espírito?
- Ela se cumpre na existência corpórea, através das provas a que o Espírito é submetido, e na vida espritual pelos sofrimentos morais decorrentes do seu estado de inferioridade.
999. O arrependimento sincero durante a vida é suficiente para extinguir as faltas e fazer que se mereça a graça de Deus?
- O arrependimento auxilia a melhora do Espírito, mas o passado deve ser expiado.
999-a. Se de acordo com isso um criminoso dissesse que, tendo de expiar o passado, não precisa de se arrepender, quais seriam para ele as consequências?
- Se teimar no pensamento do mal sua expiação será mais longa e mais penosa.
1000. Podemos, desde esta vida, resgatar as nossas faltas?
- Sim, reparando-as. Mas não julgueis resgatá-las por algumas privações pueris ou por meio de doações de após a morte, quando de nada mais necessitais. Deus não considera um arrependimento estéril, sempre fácil e que só custa o trabalho de bater no peito. A perda de um dedo, quando se presta um serviço, apaga maior número de faltas do que o cilício suportado durante anos, sem outro objetivo que o bem de si mesmo. O mal não é reparado senão pelo bem e a reparação não tem mérito algum se não atingir o homem no seu orgulho ou nos interesses materiais. De que serve como justificação, restituir após a morte os bens mal adquiridos, que foram desfrutados em vida e já não lhe servem para nada? De que lhe serve a privação de alguns gozos fúteis e de algumas superfluidades, se o mal que cometeu para outro continua o mesmo? De que lhe serve, enfim, humilhar-se diante de Deus, se conserva o seu orgulho diante dos homens?
1001. Não há nenhum mérito em se assegurar, após a morte, um emprego útil para os bens que deixamos?
- Nenhum mérito não é bem o termo; isso vales sempre mais do que nada; mas o mal é que aquele que dá ao morrer geralmente é mais egoísta do que generoso: quer ter as honras do bem sem lhe haver provado as penas. Aquele que se priva em vida tem duplo proveito; o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que beneficiou. Mas há sempre o egoísmo a dizer ao homem: o que dás, tiras dos teus próprios gozos. E como o egoísmo fala mais alto que o desinteresse e a caridade, ele guarda em vez de dar, sob o pretexto das suas necessidades e das exigências da sua posição. Ah! Lastimai aquele que desconhece o prazer de dar, porque foi realmente deserdado de um dos mais puros e suaves gozos do homem. Deus, subemetendo-o à prova da fortuna, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, quis dar-lhe em compensação a ventura da generosidade, de que ele pode gozar neste mundo.
1002. O que deve fazer aquele que em artigo de morte reconhece as suas faltas mas não tem tempo para repará-las? É suficiente arrepender-se, nesse caso?
- O arrependimento apressa a sua reabilitação, mas não o absolve. Não tem ele o futuro pela frente, que jamais se lhe fecha?

A DOUTRINA DO FOGO ETERNO

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM IV, DE ALLAN KARDEC


974. De onde procede a doutrina do fogo eterno?
- Imagem, como tantas outras, tomada como realidade.
974-a. Mas esse temor não pode ter um bom resultado?
- Vede se ela refreia aqueles que a ensinam. Se ensinais coisas que a razão rejeitará mais tarde, produzireis uma impressão que não será durável nem salutar.
O homem, incapaz de traduzir na sua linguagem a natureza desses sofrimentos, não encontrou para ela comparação mais enérgica que a do fogo, pois este é para ele o tipo de suplício mais cruel e o símbolo da ação mais enérgica. É por isso que a crecnça no fogo eterno remonta à mais alta An tiguidade e os povos modernos a herdaram dos antigos. É ainda por isso que, na sua linguagem figurada, ele diz: o fogo das paixões, queimar de amor, de ciúmes etc.

AS PENAS E GOZOS DA ALMA APÓS A MORTE

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM IV, DE ALLAN KARDEC


965. As penas e os gozos da alma após a morte têm alguma coisa de material?
- Não podem ser materiais, desde que a alma não é de matéria. O próprio bom senso o diz. Essas penas e esses gozos nada têm de carnal e por isso mesmo são mil vezes mais vivos do que os da Terra. O Espírito, uma vez desprendido, é mais impressionável: a matéria não mais lhe enfraquece as sensações.
967. Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?
- Em conhecer todas as coisas; não ter ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é para eles a fonte de uma suprema felicidade. Não experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes com o bem que fazem. De resto, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Somente os Espíritos puros gozam, na verdade, da felicidade suprema, mas nem por isso os demais são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus, nos quais os gozos são relativos ao estado moral. Os qaue são bastante adiantados compreendem a felicidade dos que avançaram mais que eles, e a ela aspiram, mas isso é para eles motivo de emulação e não de inveja. Sabem que deles depende alcançá-la e trabalham com esse fito, mas com a calma da consciência pura. Sentem-se felizes de não ter de sofrer o que sofrem os maus.
970. Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?
- São tão variados quanto as causas que os produzem e proporcionais ao grau de inferioridade, como os gozos são proporcionais ao grau de superioridade. Podemos resumi-los assim: cobiçar tudo o que lhes falta para serem felizes, mas não poderem obtê-lo; ver a felicidade e não poder atingi-la; mágoa, ciúme, raiva, desespero, decorrentes de tudo o que os impede de ser felizes, remorsos e uma ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não podem satisfazê-los. É isso o que os tortura.
973. Quais são os maiores sofrimentos que os maus Espíritos podem suportar?
- Não há descrição possível das torturas morais que constituem a punição de certos crimes. Os próprios Espíritos que as sofrem teriam dificuldades em vos dar uma idéia. Mas seguramente a mais horrível é o pensamento de serem condenados para sempre.
O homem tem das penas e dos gozos da alma após a morte uma idéia mais o menos elevada, segundo o estado de sua inteligência. Quanto mais ele se desenvolve, mais essa idéia se depura e se desprende da matéria; compreende as coisas de maneira mais racional e deixa de tomar ao pé da letra as imagens de uma linguagem figurada. A razão mais esclarecidea nos ensina que a alma é um ser inteiramente espiritual e por isso mesmo não pode ser afetado pelas impressões que não agem fora da matéria. Mas disso não se segue que esteja livre de sofrimentos, nem que não seja punido pelas suas faltas.
As comunicações espíritas têm por fim mostrar-nos o estado futuro da alma, não mais como uma teoria mas como uma realidade. Colocam sob nosso olhos as vicissitudes da vida do além-túmulo, mas ao mesmo tempo no-las apresentam como consequências perfeitamente lógicas da vida terrena. E embora destituídas do aparato fantástico criado pela imaginação dos homens, nem por isso são menos penosas para os que fizeram mau uso de suas faculdades. A diversidade dessas consequências é infinita, mas pode dizer-se de maneira geral: cada um é punido naquilo em que pecou. Assim é que uns o são pela incessante visão do mal que fizeram, outros pelos remorsos, pelo medo, pela vergonha, a dúvida, o isolamento, as trevas, a separação dos seres que lhes são caros etc.
977. Os Espíritos não podem ocultar-se reciprocamente os pensamentos e todos os atos da vida sendo conhecidos, segue-se que o culpado está sempre na presença da vítima?
- Isso não pode de ser de outra maneira, diz o bom senso.
977-a. Essa revelação do todos os atos repreensíveis e a presença constante das vítimas serão um castigo para o culpado?
- Maior do que se pensa, mas somente até que ele tenha expiado as suas culpas, seja como Espírito, seja como homem em novas existências copóreas.
Quando estivermos no mundo dos Espíritos, todo o nosso passado estando descoberto, o bem e o mal que tivermos feito serão igualmente conhecidos. Em vão aquele que fez o mal tentará escapar à visão de suas vítimas: sua presença invetável será para ele um castigo e um remorso incessante, até que tenha expiado os seus erros. O homem de bem pelo contrário, só encontrará por toda parte olhares amigos e benevolentes.
Para o mau, não há maior tormento na Terra que a presença de suas vítimas. É por isso que ele sempre as evita. Que será dele quando dissipada a ilusão das paixões, compreender o mal que praticou, vendo os seus atos mais secretos revelados, sua hipocrisia desmascarada, e sem poder subtrair-se à sua vista? Enquanto a alma do homem perverso é presa da vergonha, do pesar e do remorso, a do justo goza de perfeita serenidade.
981. Há diferença para o estado futuro do Espírito, entre aquele que temia a morte e aquele que a via com indiferença e até mesmo com alegria?
- A diferença pode ser grande; entretanto, ela em geral se apaga ante as causas que produzem esse medo ou esse desejo. Quem a teme ou quem a deseje pode ser impulsionado por sentimentos muito diversos, e são esses sentimentos que vão influir no estado futuro do espírito. É evidente, por exemplo, que aquele que deseja a morte unicamente por ver na mesma o fim das tribulações, de certa maneira se queixa das provas qaue deve sofrer.
982. É necessário fazer profissão de fé no Espiritismo e crer nas manifestações para assegurar nossa sorte na vida futura?
- Se assim fosse todos os que não crêem ou não puderam esclarecer-se seriam deserdados, o que é absurdo. É o bem que assegura a sorte no futuro; ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja a via pela qual se conduz.
A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar ao lhe fixar as idéias sobre determinados pontos do futuro; ela apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas porque permite consderarmos o que seremos um dia: é, pois, um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina a suportar as provas com paciência e resignação, desvia o homem da prática do atos que podem retardar-lhe a felicidade futura, e é assim que contribui para a sua felicidade. Mas nunca se disse que sem ele não se possa atingi-la.

terça-feira, 17 de julho de 2012

INTUIÇÃO DAS PENAS E DOS GOZOS FUTUROS

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM II, DE ALLAN KARDEC


960. De onde procede a crença, que se encontra em todos os povos, nas penas e recompensas futuras?
- É sempre a mesma coisa: pressentimento da realidade, dado ao homem pelo seu Espírito. Porque ficai sabendo, não é em vão que uma voz interior vos fala e vosso mal está em não escutá-la sempre. Se pensásseis bem nisso com a devida frequência vos tornaríeis melhores.
961. No momento da morte, qual o sentimento que domina a maioria dos homens: a dúvida, o medo ou a esperança?
- A dúvida para os céticos endurecidos; o medo para os culpados e a esperança para os homens de bem.
962. Por que há céticos, desde que a alma traz para o homem o sentimento das coisas espirituais?
- São em menor número do que supondes. Muitos se fazem de espírito forte durante esta vida por orgulho, mas no momento da morte não se conservam tão fanfarrões.
A consequência da vida futura se traduz na responsabilidade dos nossos atos. A razão e a justiça nos dizem que, na distribuição da felicidade a que todos os homens aspiram, os bons e os maus não poderiam ser confundidos. Deus não pode querer que uns gozam dos bens sem trabalho e outros só o alcancem com esforço e perseverança.
A idéia que Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade, pela sabedoria de suas leis, não nos permite crer que o justo e o mau estejam aos seus olhos no mesmo plano, nem duvidar de que não recebam, algum dia, uma recompensa e outro o castigo, pelo bem e pelo mal que tiverem feito. É por isso que o sentimento inato da justiça nos dá a intuição das penas e das recompensas futuras.

INTERVENÇÃO DE DEUS NAS PENAS E RECOMPENSAS FUTURAS

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM III, DE ALLAN KARDEC


963. Deus se ocupa pessoalmente de cada homem? Não é ele demasiadamente grande e nós muito pequenos, para que cada indivíduo em particular tenha a seus olhos alguma importância ?
- Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é demasiado pequeno para a sua bondade.
964. Deus tem a necessidade de se ocupar de cada um dos nossos atos para nos recompensar ou nos punir? A maioria desses atos não são para ele insignificantes?
- Deus tem as suas leis, que regulam todas as vossas ações. Se as violardes, a culpa é vossa. Sem dúvida, quando o homem comete um excesso, Deus não estende um julgamento para ele, dizendo-lhe, por exemplo: tu és um glutão e eu te vou punir. Mas ele traçou um limite: as doenças e por vezes a morte são consequências dos excessos. Eis a punição: ela resulta da infração da lei. Assim se passa em tudo.
Todas as nossas ações são submetidas às leis de Deus; não há nenhuma delas, por mais insignificante nos pareça, que não passa a ser uma violação dessas leis. Se sofremos as consequências dessa violação não nos devemos queixar senão de nós mesmos, que nos fazemos  assim os artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade futura.
Essa verdade se torna sensível pelo seguinte apólogo:
"Um pai dá ao seu filho a educação e a instrução, ou seja os meios para saber conduzir-se. Cede-lhe um campo para cultivar e lhe diz: eis a regra a seguir e todos os instrumentos necessários para tornar fértil o c ampo e assegurar a tua existência. Dei-te a instrução para compreenderes essa regra. Se a seguires, o campo produzirá o bastante e te proporcionará o repouso na velhice; se não a seguires, nada produzirá e morrerás de fome. Dito isso, deixa-o agir à vontade."
Não é verdade que o campo produzirá na razão dos cuidados que se dispensar à cultura e que toda negligência redundará em prejuízo da colheita? O filho será portanto na velhice, feliz ou infeliz, segundo tenha seguido ou negligenciado a regra traçada pelo pai. Deus é ainda mais previdente, porque nos adverte a cada instante, se fazemos o bem ou o mal. Envia-nos Espíritos que nos inspiram, mas não os escutamos. Há ainda outra diferença e é que Deus dá ao homem um recurso, por meio das novas existências, para reparar os seus erros do passado, ao passo que o filho de que falamos não o terá, se empregar mal o seu tempo.

O NADA E A VIDA FUTURA

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM I, DE ALLAN KARDEC


958. Porque o homem tem instintivamente, horror ao nada?
- Porque o nada não existe.
959. De onde vem para o homem o sentimento instintivo da vida futura?
- Já o dissemos: antes da encarnação o Espírito conhece todas essas coisas, e a alma guarda uma vaga lembrança do que sabe e do que viu no estado espiritual.
Em todos os tempos o homem se preocupou com o futuro de além-túmulo, o que é muito natural. Qualquer que seja a importância dada à vida presente, ele não pode deixar de considerar quanto é curta e sobretudo precária, pois pode ser interrompida a cada instante e jamais ele se acha seguro do dia de amanhã. Em que se tornará depois do instante fatal? A pergunta é grave pois não se trata de alguns anos mas da eternidade. Aquele que deve passasr longos anos num país estrangeiro se preocupa com a situação em que se encontrará no mesmo. Como não nos preocuparmos com o que teremos ao deixar este mundo, desde que o será para sempre?
A idéia do nada tem algo que repugna à razão. O homem mais despreocupado nesta vida, chegado o momento supremo pergunta a si mesmo o que será feito dele e involuntariamente fica na expectativa.
Crer em Deus sem admitir a vida futura seria um contra-senso. O sentimento de uma existência melhor está no foro íntimo de todos os homens e Deus não o pôs ali em vão.
A vida futura implica a conservação da nossa individualidade após a morte. Que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa essência moral tivesse de perder-se n o oceano do infinito? As consequências disso para nós seriam as mesmas do nada.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A PRUDÊNCIA


POR PAULO ALVES GODOY, ESCRITOR ESPÍRITA


"Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto prudentes como as serpentes e simplices como as pombas."
( Mateus, 10:16 )

"Não foram poucas as passagens evngélicas nas quais Jesus definiu a necessidade de agirmos com prudência no trato das coisas de consequências espirituais.
Na parábola da Dez Virgens, o Mestre deixou transparecer claramente a necesidade de se ter prudência na solução dos problemas que surgem no decursso da nossa vida terrena, tudo fazendo no sentido de acumularmos os dons imperecíveis  do Espírito, a fim de sairmos triunfantes das encarnações que nos são propiciadas pela Justiça Divina. As virgens prudentes acumularam um acervo de boas obras que lhes garantiram o acesso aos planos espirituais mais elevados, foram prudentes no decurso da vida terrena e, como decorrência, lograram receber, no plano da vida, a recompensa reservada aos que cumprem seus deveres na Terra.
Nos sublimes ensinamentos contidos nas entrelinhas dessa parábola, o Cristo procurou demonstrar a necessida imperiosa da vivência dos evangelhos o que nos propiciará meios de amealhar aquisições santificantes, impresindíveis para a conquista paulatina da sublimação espiritual.
....O objetivo primacial do ensinamento dessa parábola, é de fazer evidenciar a importância de embasarmos a nossa vida sobre o fundamento sólido do amor e da moralidade, única forma de nos garantirmos contra as adversidades e contra as investidas que sofremos de parte das entidades trevosas, encarnadas e desencarnadas.
Se tivermos a sensatez de edificar a nossa vida sobre a rocha da fé, da paciência, da integridade moral e do amor ao próximo, jamais deveremos temer os vendavais das tribulações inerentes à vida humana.
....É óbvio que devemos fazer tudo isso com a mesma prudência com que age a serpente.
....A prudência é, pois, um atributro relevante em nossa vida.
Devemos usá-la do melhor modo possível, pois sem ela, dificilmente poderemos equacionar os problemas agudos que fustigam as nossas almas e que se nos deparam no decurso do nosso aprendizado terreno.
Se formos prudentes, não alimentaremos ódio, inveja, orgulho ou ciúme, contra os nossos irmãos, jamais chafurdaremos nossas almas no lodaçal dos vícios, da inteperança e do descalabro moral.
Agindo de modo prudente, nunca perderemos os frutos que devem advir de uma vida pautada nas normas sadias prescritas pelos Evangelhos de Jesus.
As regras de prudência nos indicam que devemos viver os Evangelhos de Jesus, manancial de vida eterna, que contribuirá de modo decisivo para impulsionar as nossas almas parfa o Meigo Rabi."

( Texto extraído do livro "Padrões Evangélicos", de Paulo Alves Godoy, Edições FEESP )

domingo, 15 de julho de 2012

LEI DE CARIDADE E AMOR AO PRÓXIMO


CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO TERCEIRO, CAPÍTULO XI, ITEM III, DE ALLAN KARDEC


886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
- Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
O amor e caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus: - "Amai-vos uns aos outros, como irmãos".
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores. Ela nos manda ser indulgentes, porque temos necessidade de indulgência, e nos proíbe humlhar o infortúnio, ao contrário do que comumente se pratica. Se um rico nos procura, antedemo-lo com excesso de consideração e atenção, mas se ele é pobre, parece que não devemos incomodar com ele. Quanto mais, entretanto, sua posição é lastimável, mais devemos temer aumentar-lhe a desgraça pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos.
887. Jesus ensinou ainda: "Amai os vossos inimigos". Ora, um amor pelos nossos inimigos não é contrário às nossas tendências naturais, e a inimizade não provém de uma falta de simpatia entre os Espíritos?
- Sem dúvida não se pode ter, para com os inimigos, um amor terno e apaixonado. E não foi isso que ele quis dizer. Amar aos inimigos é perdoá-los e pagar-lhes o mal com bem. É assim que nos tornamos superiores, pela vingança nos colocamos abaixo deles.
888. Que pensar da esmola?
- O homem reduzido a pedir esmolas se degrada moral e fisicamente, se embrutece. Numa sociedade baseada na lei de Deus e na justiça, deve-se prover a vida do fraco, sem humilhação para ele. Deve-se assegura a existência dos que não podem trabalhar sem deixá-los à mercê do acaso e da boa vontade.
888-a. Então condenais a esmola?
- Não, pois não é a esmola que é censurável, mas quase sempre a maneira por que ela é dada. O homem de bem, que compreende a caridade segundo Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que ele lhe estenda a mão.
A verdadeira caridade é sempre boa e benevolente; tanto está no ato quanto na maneira de fazê-la. Um serviço prestado comn delicadeza tem duplo valor, se for com altivez, a necessidade pode fazê-lo aceito mas o coração mal será tocado.
Lembrai-vos ainda que a ostentação apaga aos olhos de Deus o mérito do benefício. Jesus disse: "Que a vossa mão esquerda ignore o que faz a direita." Com isso ele vos ensina a não manchar a caridade pelo orgulho.
É necessário distinguir a esmola propriamente dita da beneficiência. O mais necessitado nem sempre é o que pede; o temor da humilhação retém o verdadeiro pobre, que quase sempre sofre sem se queixar. É a esse que o homem verdadeiramente humano sabe assistir sem ostentação.
Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, divina lei pela qual Deus governa os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados, e atração é a lei de amor para a matéria inorgância.
Não olvideis jamais que o Espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação como reencarnado ou na erraticidade, está sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir. Sede portanto caridosos, não somente dessa caridade que vos leva a tirar do bolso o obolo que friamente atirais ao que ousa perdir-vos, mas ide ao encontro das misérias ocultas.Sendo indulgentes para com os erros dos vossos semelhantes. Em lugar de desprezar a ignorância e o vício, instruí-os e moralizai-os. Sede afáveis e benevolentes para com todos os que vos são inferiores; sede-o mesmo para com os mais ínfimos seres da Criação, e tereis obedecido a lei de Deus.São Vicente de Paulo.
889. Não há homens reduzidos à mendicidade por sua própria culpa?
- Sem dúvida. Mas se uma boa educação moral lhes tivesse ensinado a lei de Deus, não teriam caído nos excessos que os levaram à perda. E é disso,  sobretudo, que depende o melhoramento do vosso globo.

O BEM E O MAL

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO TERCEIRO, CAPÍTULO I, ITEM III, DE ALLAN KARDEC


629. Que definição se pode dar à moral?
- A moral é a regra da boa conduta e portanto da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem  de todos, porque então observa a lei de Deus.
630. Como se pode distinguir o bem do mal?
- O bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é se conformar à lei de Deus; fazer o mal é infringir essa lei.
631. O homem tem meios para distinguir por si mesmo o bem e o mal?
- Sim, quando ele crê em Deus e quando o quer saber. Deus lhe deu a inteligência para discernir um e outro.
632. O homem, que é sujeito a errar, não pode  engarnar-se na apreciação do bem e do mal e crer que faz o bem quando em realidade está fazendo o mal?
- Jesus vos disse: vede o quereríeis que voz fizessem ou não; tudo se resume nisso. Assim não vos enganarei.
633. A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, não pode ser aplicada à conduta pessoal do homem para consigo mesmo. Encontra ele, na lei natural, a regra desta conduta e um guia seguro?
- Quando comeis de mais, isso vos faz mal. Pois bem; é Deus que vos dá a medida do que vos falta. Quando a ultrapassais, soi punidos. O mesmo se dá com tudo o mais. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades; quando ele o ultrapassa é punido pelo sofrimento. Se o homem escutasse, em todas as coisas, essa voz que diz: chega, evitaria a maior parte dos males de que acusa a Natureza.
636. O bem e o mal são absolutos para todos os homens?
- A lei de Deus é a mesma para todos; mas o mal depende, sobretudo, da vontade que se tenha de fazê-lo. O bem é sempre o bem e o mal sempre mal, qualquer que seja a posição do homem; a diferença está no grau de responsabilidade.
639. O mal que se comete não resulta frequentemente da posição em que os outros nos colocaram, e nesse caso quais são os mais culpáveis?
- O mal recai sobre aquele que o causou. Assim, o homem que é levado ao mal pela posição em que os outros o colocaram é menos cumpável que aqueles que o causaram pois cada um sofrerá a pena não somente do mal que tenha feito, mas também do que houver provocado.
640. Aquele que não faz o mal, mas aproveita o mal praticado por outro, é culpável no mesmo grau?
- É como se o cometesse; ao aproveitá-lo, torna-se participante dele. Talvez tivesse recuado diante da ação; mas, se ao encontrá-la realizada, dela se serve, é porque a aprova e a teria praticado se pudesse ou se tivesse ousado.
641. O desejo do mal é tão repreensível quanto o mal?
- Conforme; há virtude em resistir voluntariamente ao mal que se sente desejo de praticar, sobretudo quando se tem a possibilidade de satisfazer esse desejo; mas se o que faltou foi apenas a ocasião, o homem é culpável.
642. Será suficiente não se fazer o mal para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?
- Não; é preciso fazer o bem no limite das prórprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.
643. Há pessoas que, por sua posição na tenham possibilidade de fazer o bem?
- Não há ninguém que não possa fazer o bem; somente o egoísta não encontra jamais a ocasião de praticá-lo. É suficiente estar em relação com outros homens para se fazer o bem, e cada dia da vida oferece essa possilibilidade a quem não estiver cego pelo egoísmo porque fazer o bem não é apenas ser caridoso mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se faça necessário.
644. O meio em que certos homens vivem não é para eles o motivo principal de muitos vícios e crimes?
- Sim, mas ainda nisso há uma prova escolhida pelo Espírito no estado de liberdade; ele quis se expor à tentação para ter o mérito da resistência.
645. Quando o homem está mergulhado na atmosfera do vício o mal não se torna para ele um arrastamento quase irresistível?
- Arrastamento, sim, irresistível, não, porque no meio dessa atmosfera de vícios podes encontrar grandes virtudes. São Espíritos que tiveram a força de resistir e que tiveram, ao mesmo tempo, a missão de exercer uma boa influência sobre os seus semelhantes.
909. ( do livro terceiro, cap, XII, item II ) O homem poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços?
- Sim, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a vontade. Ah, como são poucos os que se esforçam!
910. ( idem ). O homem pode encontrar nos /Espíritos uma ajuda eficaz para superar as paixões?
- Se orar a Deus e ao seu bom gênio com sinceridade os bons Espíritos virão certamente em seu auxílio, porque essa é a sua missão.
911. ( idem ). Não existem paixões de tal maneira vivas e irresistíveis que a vontade seja impotente para as superar?
- Há muitas pessoas que dizem: "Eu quero!" mas a vontade está apenas nos seus lábios. Elas querem mas estão muito satisfeitas de que não pode superar suas paixões é que o seu Espírito nelas se compraz por consequência de sua própria inferioridade. Aquele que procura reprimi-las compreende a sua natureza espiritual; vencê-las é para ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.
646. O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem?
- O mérito do bem está na dificuldade; não há nenhum em fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão, que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o  disse a propósito do óbolo da viúva.


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sábado, 14 de julho de 2012

O HOMEM DE BEM

CARACTERES DO HOMEM DE BEM, CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO TERCEIRO, CAPÍTULO XII, ITEM IV, DE ALLAN KARDEC


918. Por que sinais se pode reconhecer no homem o progresso real que deve elevar o seu Espírito na hierarquia espírita?
- O Espírito prova a sua elevação quando todos os atos da sua vida corpórea constituem a prática da lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual.

O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua mais completa pureza. Se interrogar sua consciência sobre os atos praticados , perguntará se não violou essa lei, se não cometeu nenhum mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém teve de se queixar dele, enfim, se fez para os outros tudo o que queria que lhe fizessem.
O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, e sacrifica o seu interesse pela justiça.
Ele é bom, humano e benevolente para todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem excessão de raças ou de crenças.
Se Deus lhe deu o poder e a riqueza, olha essas coisas como um depósito do qual deve usar para o bem, e disso não se envaidece porque sabe que Deus, que os deu também poderá retirá-los.
Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, trata-os com bondade e benevolência porque são seus iguais perante Deus; usa de sua autoridade para lhes erguer a moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
É indulgente para com as fraquezas dos outros porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência e se recorda detas palavras do Cristo: "Que aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra".
Não é vingativo: a exemplo de Jesus, perdoa as ofensas para não se lembrar senão dos benefícios, porque sabe que lhe será perdoado assim como tiver perdoado.
Respeita, enfim, nos seus semelhantes, todos os direitos decorrentes da lei natural, como desejaria que respeitassem os seus.

PERFEIÇÃO MORAL

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO TERCEIRO, CAPÍTULO XII, DE ALLAN KARDEC


I - AS VIRTUDES E OS VÍCIOS

893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?
- Todas as virtudes têm o seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.
895. À parte os defeitos e os vícios sobre os quais ningém se enganaria, qual é o indício da imperfeição?
- O interesse pessoal. As qualidades morais são geralmente a douração de um objeto de cobre, que não resiste à pedra de toque. Um homem pode possuir qualidades reais que o fazem para o mundo um homem de bem; mas essas qualidades, embora representem um progresso, não suportam em geral a certas provas e basta ferir a tecla do interesse pessoal para se descobrir o fundo. O verdadeiro desinteresse é de fato tão raro na Terra que se pode admirá-lo como a um fenômeno, quando ele se apresenta. O apego às coisas materiais é um indício notório de inferioridade, pois quanto mais o homem se apega aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado.

II - DAS PAIXÕES

907. O princípio das paixões sendo natural é mau em si mesmo?
- Não. A paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o principio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal.
908. Como definir o limite em que as paixões deixam de ser boas ou más?
- As paixões são como um cavalo que é útil quando governado e perigoso quando governa. Reconhecei, pois, que uma paixão se torna perniciosa no momento em que a deixais de governar, e quando resulta num prejuízo qualquer para vós ou para outro.
As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o ajudam a cumprir os desígnios da Providência. Mas, se em vez de as dirigir, o homem se deixa dirigir por elas, cai no excesso e a própria força que em suas mãos poderia fazer o bem recai sobre ele e o esmaga.
Todas as paixões têm seu princípio num sentimento ou numa necessidade da Natureza. O princípio das paixões não é portanto um mal, pois repousa sobre uma das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é o exagero de uma necessidade ou um sentimento; está no excesso e não na causa; e esse excesso se torna mau quando tem por consequência algum mal.
Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal distancia-o da naturezaa espiritual.
Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza aninal anuncia o predomínio do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
912. Qual o meio mais eficaz de se combater a predominância da natureza copórea?
- Praticar a abnegação.

III - DO EGOÍSMO

913. Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?
- Já dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele se deriva todo o mal. Estudai toso os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles não chegareis extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quise se aproximar da perfeição moral deve extipar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades.
917. Qual o meio de se destruir o egoísmo?
- De todas a imperfeições humanas a mais difícil de desenraizar, é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influência; suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão que o Espiritismo vos dá quanto ao vosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficcções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, combate necessariamente o egoísmo.
É o contato que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele é levado a se ocupar de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá assim a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros que em geral não o reconhecem. É a esses sobretudo, que está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado e sofrerá no abandono. FÉNELON
Louváveis esforços são feitos, sem dúvida, para ajudar a Humanidade a avançar; encorajam-se, estimulam-se, honram-se os bons sentimento, hoje mais do que em qualquer outra época, e não obstante o verme devorador do egoísmo continua a ser a praga social. É um verdadeiro mal que se espalha por todo o mundo e do qual cada um é mais ou menos vítima. É necessário combatê-lo, portanto, como se combate uma epidemia. Para isso, deve-se proceder à maneira dos médicos; remontar à causa. Que se pesquisem em toda a estrutura da organização social desde a família até os póvos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as influência patentes ou ocultas que excitam, entretêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Uma vez conhecidas as causas o remédio se apresentará por si mesmo; só restará então combatê-las, senão a todas ao mesmo tempo, pelo menos por partes, e pouco a pouco o veneno será extirpado. A cura poderá ser prolongada porque as causas são numerosas, mas não é impossível de resto, não se chegará a esse ponto se não se atacar o mal pela raiz, ou seja, pela educação. Não essa educação que ten de a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A educação, se for bem compreendida, será a chave do progreso moral, quando se conhecer a arte de manejar a arte dos caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam as plantas novas. Essa arte, porém, requer muito tato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro acreditar que basta ter a ciência para aplicá-la de maneira proveitosa. Quem quer que observe, desde o instante do seu nascimento, o filho do rico como o do pobre, observando todas as influências perniciosas que agem sobre ele em consequência da fraqueza, da incúria e da ignorância dos que dirigem, e como em geral os meios empregados para moralizar fracassam, não pode admirar-se de encontrar no mundo tantas confusões. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias, há também, em maior número do que se pensa, as que requerem apenas boa cultura para darem bons frutos.
O homem que ser feliz e esse sentimento está na sua própria natureza; eis porque ele trabalha sem cessar para melhorar a sua situação na Terra, e procura as causas de seus males para os remediar. Quando compreender bem que o egoísmo é uma dessas causas, aquela que engendra o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, dos quais a todo momento ele é vítima, que leva a perturbação a todas as relações sociais, provoca as dissensões, destrói a confiança, obrigando-o a se manter constantemente numa atitude de defesa em face do seu vizinho, e que, enfim, do amigo faz um inimigo, então ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua própria felicidade. Acrescentamos que é incompatível com a sua própria segurança. Dessa maneira, quanto  mais sofrer mais sentirá a necessidade de o combater, como combate a peste, os animais daninhos e todos os outros flagelos. A isso será solicitado pelo seu próprio interesse.
O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra deve ser o alvo de todos os eforços do homem, se ele deseja assegurar a sua felicdade neste mundo, tanto quanto no futuro.



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sexta-feira, 13 de julho de 2012

DEUS

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO PRIMEIRO, CAPÍTULO I, DE ALLAN KARDEC

I - DEUS E O INFINITO

1. O que é Deus?
- Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
2. O que devemos entender por infinito?
- Aquilo que não tem começo nem fim; o desconhecido; todo o desconhecido é infinito.
3. Poderíamos dizer que Deus é o infinito?
- Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir as coisas que estão além da sua inteligência.
Deus é infinito nas suas perfeições, mas o infinito é uma abstração, dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda não conhecida, por outra que também não o é.

II - PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

4. Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?
- Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá.
Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação. O Universo existe, ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus, seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.

III - ATRIBUTOS DA DIVINDADE

13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma idéia completa de seus atributos?
- Do vosso ponto de vista, sim, poque acreditais abranger tudo; mas ficai sabendo que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente e para as quais a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e às vossas sensações, não dispõe de expressões. A razão vos diz que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, pois se tivesse uma de menos, ou que não fosse em grau infinito, não seria superior a tudo, e por conseguinte não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não deve estar sujeito a vicissitudes e não pode ter nenhuma das imperfeições que a imaginação é capaz de conceber.
Deus é eterno. Se ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou então, teria sido criado por um ser anterior. É assim que, pouco a pouco, remontamos ao infinito e à eternidade.
É imutável. Se ele estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nehuma estabilidade.
É imaterial. Quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma ele não seria imutável, estando sujeito a transformações da matéria.
É o único. Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de vistas nem de poder na organização do Universo.
É todo-poderoso. Porque é único. Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto ele, que assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que ele não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e esta sabedoria não nos permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade.

IV - PANTEÍSMO

14. Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?
- Se assim fosse, Deus não existiria, porque seria efeito e não a causa; ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma coisa e outra.
- Deus existe, não o podeis duvidar, e isso é o essencial. Acreditai no que vos digo e não queirais ir além. Não vos percais num labirinto de onde não poderieis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado, todos esses sistemas; tendes que vos desembaraçar de muitas coisas que vos tocam mais diretamente. Isto vos será mais útil do que querer penetrar o que é impenetrável.

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RESUMO DA DOUTRINA DOS ESPÍRITOS

POR ALLAN KARDEC, CONFORME ITEM VI DA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA - DE "O LIVRO DOS ESPÍRITOS"



"Os seres que se manisfestam designam-se a si mesmos, como dissemos, pelo nome de Espíritos ou Gênios, e dizem alguns pelo menos, que viveram como homens na Terra. Constitutem o mundo espiritual, como nós constituímos, durante a nossa vida, o mundo corporal. Resuminos em poucas palavras os pontos principais da doutrina que nos transmitiram:


"Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, soberamente justo e bom.
Criou o Universo, que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.
Os seres materiais constituem o mundo visível ou corporal e os seres imateriais o mundo invisível ou espírita, ou seja, dos Espíritos.
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
O mundo corporal é secundário; pode deixar de existir ou nunca ter existido, sem alterar a essência do mundo espírita.
Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível e sua destruição pela morte os devolve à liberdade.
Entre as diferentes espécies de seres corporais Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a um certo grau de desenvolvimento, o que lhes dá superioridade moral e intelectual perante as demais.
A alma é um Espírito encarnado e o corpo é apenas o seu invólucro.
Há no homem três coisas: 1º) O corpo ou ser material, semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º) A alma ou ser imaterial, espírito encarnado no corpo; 3º) O liame que une a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.
O homem tem assim duas naturezas: pelo corpo participa da natureza dos animais, dos quais possui os instintos; pela alma participa da natureza dos Espíritos.
O liame ou perispírito que une corpo e Espírito é uma espécie de invólucro semimateral. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no seu estado normal, mas que ele pode tornar acidentalmente visível e mesmo tangível, como se verifica nos fenômenos de aparição.
O Espírito não é portanto um ser abstrato, indefinido, que só o pensamento pode conceber. É um ser real, definido, que em certos casos pode ser apreciado, pelos nossos sentidos da vista, da audição e do tato.
Os Espíritos pertencem a diferentes classes, não sendo iguais em poder nem inteligência, saber ou moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos Superiores que se distiguem pela perfeição, pelos conhecimentos e pela proximidade de Deus, a pureza dos sentimentos e o amor do bem; são os anjos ou Espíritos puros. As demais classes se distanciam mais e mais dessa perfeição. Os das classes inferiores são inclinados às nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho etc. e se comprazem no mal. Nesse número há os que não são nem muito bons, nem muito maus; antes perturbadores e intrigantes do que maus; a malícia e a inconsequência parecem ser as suas características: são os Espíritos estouvados ou levianos.
Os Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem. Todos melhoram, passando pelos diferentes graus de hierarquia espírita. Esse melhoramento se verifica pela encarnação, que a uns é imposta como expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova a que devem submeter-se repetidas vezes até atingirem a perfeição absoluta; é uma espécie de peneira ou depurador de que eles saem mais ou menos purificados.
Deixando o corpo, a alma volta ao mundo dos Espíritos, de que havia saído para reiniciar uma nova existência material após um lapso de tempo mais ou menos longo durante o qual permanecera no estado de Espírito errante.
Devendo o Espírito passar por muitas encarnações, conclui-se que todos nós tivemos muitas existências e que teremos ainda outras mais ou menos aperfeiçoadas, seja na Terra ou em outros mundos.
A encarnação dos Espíritos ocorre sempre na espécie humana. Seria um erro acreditar que a alma ou espírito pudesse encarnanr num corpo de animal.
As diferentes existências corporais do Espírito são sempre progressivas e jamais retrógradas, mas a rapidez do progresso depende dos esforços que fazemos para chegar à perfeição.
As qualidades da alma são as do Espírito encarnado. Assim o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem perverso a de um Espírito impuro.
A alma tinha a sua individualidade antes da encarnaçlão e a conserva após a separação do corpo.
No seu regresso ao mundo dos Espíritos a alma reencontra todos os que conheceu na Terra e todas as suas existências anteriores se delineiam na sua memória, com a recordação de todo o bem e todo mal que tenha feito.
O Espírito encarnado está sob a influência da matéria. O homem que supera essa influência, pela elevação e purificação de sua alma, aproxima-se dos bons Espíritos com os quais estará um dia. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros aproxima-se dos Espíritos impuros, dando preferência à natureza animal. Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
Os espíritos não encarnados ou errantes não ocupam nenhuma região determinada ou circunscrita; estão por toda parte, no espaço e ao nosso lado, vendo-nos acotovelando-nos sem cessar. É toda uma população invisível que se agita em nosso redor.
Os Espíritos exercem sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico uma ação incessante. Agem sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das forças da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até agora inexplicados ou mal explicados, que não encontram solução racional.
As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos convidam ao bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação; os maus nos convidam ao mal; é para eles um prazer ver-nos sucumbir e cair no seu estado.
As comunicações ocultas verificam-se pela influência boa ou má que eles exercem sobre nós sem o sabermos, cabendo ao noso julgamento discernir as más e boas linspirações. As comunicações ostensivas realizam-se por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, na maioria das vezes através dos médins que lhes servem de instrumentos.
Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou pela evocação. Podemos evocar todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros e os dos personagens mais ilustres, qualquer que seja a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, de nossos am igos ou inimigos e deles obter, por comunicações escritas ou verbais, conselhos informações sobre a situação em que se acham no espaço, seus pensamentos a nosso respeito, assim como as revelações que tenham permissão de fazer-nos.
Os Espíritos são atraídos na razão de sua simpatia pela natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores gostam das reuniões sérias em que predominam o amor do bem e o desejo sincero de instrução e de melhoria. Sua presença afasta os Espíritos inferiores, que encontram, ao contrário, livre acesso e podem agir com inteira liberdade entre as pessoas frívolas ou guiadas apenas pela curiosidade, e por toda parte onde encontrem maus instintos.Longe de obtermos bons conselhos e informações úteis desses Espíritos, nada mais devemos esperar do que futilidades, mentiras, brincadeiras de mau gosto ou mistificações, pois frequentemente se servem de nomes veneráveis para melhor nos induzirem ao erro.
Distinguir os bons e os maus Espíritos é extremamente fácil. A linguagem dos Espíritos superiores é constantemente digna, nobre cheia da mais alta moralidade, livre de qualquer paixão inferior, seus conselhos revelam a mais pura sabedoria e tem sempre por alvo o nosso progresso e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, é inconsequente, quase sempre banal e mesmo grosseira, se dizem às vezes coisas boas e verdadeiras, dizem com mais frequência falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância; zombam da credulidade e divertem-se à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade e embalando-lhes os desejos com falsas esperanças. Em resumo, as comunicações sérias na  perfeita acepção do termo, não se verificam senão nos centros sérios, cujos membros estão unidos por uma íntima comunhão de pensamentos dirigidos para o bem.
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nessa máxima evangélica: "Fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam", ou seja: fazer o bem e não o mal. O homem encontra nesse princípio a regra universal de conduta, mesmo para as menores ações.
Eles nos ensinam que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que desde este mundo, se liberta da matéria pelo desprezo das futilidades mundanas e o cultivo do amor ao próximo, aproxima-se da natureza espiritual; que cada um de nós deve tornar-se útil segundo as faculdades e os meios que Deus colocou nas mãos para nos provar; que o Forte e o Poderoso devem apoio e proteção ao Fraco
porque aquele que abusa da sua força e do seu poder para oprimir o seu semelhante viola a lei de Deus. Eles ensinam, enfim, que no mundo dos Espíritos nada pode estar escondido: o hipócrita será desmascarado e todas as sua torpezas reveladas; a presença inevitável e incessante daqueles que prejudicamos é um dos castigos que nos estão reservados; ao estado de inferioridade e de superioridade dos Espíritos correspondem penas e alegrias que nos são desconhecidas na Terra.
Mas eles nos ensinam também que não há faltas irremissíveis que não possam ser apagadas pela expiação. O homem encontra o meio necessário nas diferentes existências que lhe permitem avançar, na via do progresso, em direção à perfeição que é o seu objetivo final."

Este é o resumo da Doutrina Espírita, como ela aparece no ensinamento dos Espíritos Superiores.   



quarta-feira, 11 de julho de 2012

RESIGNAÇÃO E INDIFERENÇA

POR CAIRBAR SCHUTEL, PENSADOR E ESCRITOR ESPÍRITA



"Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos."
( Mateus, V, 6 )



"Bem-aventurados os que se revoltam contra a injustiça, mas são resignados e calmos.
Ai dos indiferentes, dos acomodatícios, dos covardes, dos servis, que em proveito próprio aplaudem a injustiça!
Há muita diferença entre a resignação e a indiferença.
A resignação é a conformidade ativa nos inevitáveis acontecimentos da vida.
A indiferença é a submissão passiva às injustiças deprimentes.
A resignação é cheia de amor, de sentimentos nobres, de elevadas paixões.
A indiferença nulifica o amor, aniquila a nobreza dalma, destrói as virtudes e deprime a moral.
A resignação nas provas é obediência aos decretos de Deus.
A indiferença nos sofrimentos é dureza de coração e ausência de submissão à vontade divina.
O resignado é santo, porque a resignação nasce da paciência, e a paciência é filha dileta da caridade.
O indiferente é um anormal: tem cérebo e não pensa; tem coração e não sente; tem alma e não ama.
O resignado não apresenta sofrimento, porque conhece a Lei de Deus e a ela se submete com humildade.
O indiferente também não mostra sentir a dor, mas, orgulhoso e alheio aos ditames celestes repele de si a idéia de sofrimento.
A resignação é excelente virtude, que precisamos cultivar; a indiferença é manifestação do egoísmo, que precisamos extirpar.
A resignação é a coragem da virtude.
A indiferença é a covardia da paixão vil.
Aquela eleva, dignifica, enaltece, santifica.
Esta deprime, desmoraliza, deprava e mata.
"Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos."
Bem-aventurados os que não se submetem às injustiças da Terra, nem pactuam com os opressores, os vis tribulários das altas posições!"


( Texto extraído do livro "Parábolas e Ensinos de Jesus", de Cairbar Schutel, Editora "O Clarim" ). 


MANSIDÃO E IRRITABILIDADE

POR CAIRBAR SCHUTEL, PENSADOR E ESCRITOR ESPÍRITA


"Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra."
( Mateus, V, 5 )


"A delicadeza e a civilidade são filhas diletas da mansidão.
Pela mansidão o homem conquista amizades na Terra e bem-aventurança no Céu.
Inimiga da irritabilidade que gera a cólera, a mansidão sempre triunfa nas lutas, vence as dificuldades, enfrenta os sacrifícios.
Os mansos e os humildes de coração possuirão a Terra, porque se elevam na hierarquia espiritual e se constituem outros tantos propugnadores invisíveis do progresso de seus irmãos, guiando-lhes os passos nas veredas do Amor e da Ciência - nobres ideais que nos conduzem a Deus!
"Aprendei de mim, disse Jesus, que sou humilde e manso de coração."
É em Jesus que devemos buscar as lições de mansidão de que tanto carecemos nas lutas da vida.
Embora enérgico, quando as circustâncias o exigiam, o Sublime Redentor sabia fazer prevalecer a Palavra pelo poder da verdade que a embalsamava, e sem ódio, sem fel, combatia os vícios, os embustes que depremiam as almas.
Sempre bom, lhano, sincero, caritativo, prodigalizava a seus ouvintes os meios de adquirirem o necessário à vida na Terra e à felicidade no Céu.
"Não vos encolorizeis para que não sejam condenados!"
A irritabilidade produz a cólera e a cólera é uma das causas predominantes de enfermidades físicas e psíquicas.
A cólera engedra a neurastenia, as afecções nervosas, as moléstias do coração; é um fogo abrasador que corrompe o nosso organismo, é o vírus peçonhento que macula nossa alma.
Filha do ódio, a cólera é um sentimento mesquinho das almas baixas, dos Espíritos inferiores.
Sem mansidão não há piedade, sem piedade, não há paciência, sem paciência não há salvação!
A mansidão é uma das formas da caridade que deve ser exercitada por todos os que buscam a Cristo.
É da cólera que nasce a selvageria que tantas vítimas tem feito.
Da mansidão vem a indulgência, a simpatia, a bondade e o cumprimento do amor ao próximo.
O homem prudente é sempre manso de coração: persuade seus semelhantes sem se excitar; previne os males sem se apaixonar, extingue as lutas com doçura, e grava nas almas progressistas as verdades que soube estudar e compreender.
O mansos e humildes possuirão a Terra, e serão felizes, o quanto se pode ser no mundo em que se encontram."


( Texto extraído do livro "Parábolas e Ensinos de Jesus", de Cairbar Schutel, Editora "O Clarim" ).



POBRES DE ESPÍRITO E ESPÍRITOS POBRES

POR CAIRBAR SCHUTEL, PENSADOR E ESCRITOR ESPÍRITA


"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus."
( Mateus, V, 3 )


"Deus quer Espíritos ricos de amor e pobres de orgulho.
Os "pobres de espírito" são os que não tem orgulho, os espíritos ricos são os que acumulam tesouros no Céu, onde a traça não os rói e os ladrões não os alcançam.
Os "pobres de espírito" são os humildes, que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que têm; a modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que não sabem!`
É por isso que a humildade se tornou cartão de ingresso no Reino dos Céus.
Sem a humildade, nenhuma virtude se mantém. A humildade é o propulsor de todos as grandes ações e rasgos de generosidade, seja na Filosofia, na Arte, na Ciência, na Religião.
Bem-aventurados os humildes; deles é o Reino dos Céus!
Os humildes são simples no falar; sinceros e francos no agir, não fazem ostentação de saber nem de santidade; abominam os bajulados e servis e deles se compadecem.
A humildade é a virgem sem mácula que a todos discerne sem poder ser pelos homens discernida.
Tolerante em sua singeleza, compadece-se dos que pretendem afrontá-la com o seu orgulho; cala-se às palavras loucas dos palpavos; suporta a injustiça, mas folga com a verdade!
A humildade respeita o homem não pelos seus haveres, mas por suas virtudes. A pobreza de paixões, de vícios, de baixas condições que prendem ao mundo, e o desapego de efêmeras glórias, de egoísmo, de orgulho, amparam os viajores terrenos que caminham para a perfeição.
Foi esta pobreza que Jesus proclamou: pobreza de sentimentos baixos, pobreza de caráter deprimido. Quantos pobres de bens terrenos julgam ser dignos dos Reino dos Céus, e, entretanto, são almas obstinadas e endurecidas, são seres degradados que, sem coberta e sem pão, repudiam a Jesus e se fecham nos redutos de uma fé bastarda, que, em vez de esclarecer, obscurece, em vez de salvar, condena!
Não é a ignorância e a baixa condição que nos dão o Reino dos Céus, mas, sim, os atos nobres: a caridade, o amor, a aquisição de conhecimentos que nos permitam alargar o plano da vida em busca de mais vastos horizontes, além dos que avistamos!
Se da imbecilidade viesse a "pobreza de espírito" que dá o REino dos Céus, os néscios, os cretinos, os loucos não sereiam fustigados na outra vida, como nos dizem que são, quando de suas relações conosco.
Pobres de espírito são os simples e retos, e não os orgulhosos e velhacos; pobres de espírito são os bons que sabem amar a Deus e ao próximo, tanto quanto amam a si próprios.
Pobres de espírito são os que estudam com humildade, são os que sabem que não sabem, são os que imploram de Deus o amparo indispensável às suas almas.
Para estes é que Jesus disse: "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus."


( Texto extraído do livro "Parábolas e Ensinos de Jesus", de Cairbar Schutel, Editora "O Clarim" ).

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A REENCARNAÇÃO - CAIBAR SCHUTEL

A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS CORPÓREAS, PELO ESCRITOR ESPÍRITA CAIBAR SCHUTEL


"Os discípulos dirigen-se a Jesus e perguntam-lhe: Por que dizem os escribas que importa vir Elias primeiro? Jesus lhes responde: Elias certamente há de vir reestablecer todas as coisas. Eu, porém, vos digo que Elias já veio e eles não o conheceram, antes fizeram dele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer em suas mãos. Então conheceram seus discípulos que era de João Batista que ele lhes falava."
( Mateus XVII, 10-13 )


"A reencarnação é um dos princípios fundamentais do Cristianismo.
A idéia de que João Batista era o Espírito de Elias reencarnado, tornou-se tão firme nos discípulos de Jesus que não admitiam, absolutamente, dúvidas a respeito. E é de notar que o Senhor não dissuadiu seus discípulos desse pensamento, ao contrário, confirmou-o categóricamente: Se vós quereis bem compreender, João Batista é o Elias que há de vir. ( Mateus XI, 14-15 ).
E o Mestre acrescenta: "Quem tem ouvidos para ouvir ouça."
....A reencarnação das almas , dissemos noutro capítulo, é a glorificação da Justiça Divina, ao passo que a doutrina da vida única destrói todos os atributos do Criador.
Além disso, essa doutrina salienta as qualidades boas ou más, como peculiares do Espírito e não ao corpo e diz que, pelo progresso os bons ficarão ainda melhores e os maus se tornarão bons....
Ao deixar o corpo, o Espírito leva consigo tudo o que tem de bom ou de mau, e, durante as sucessivas encarnações, ele se depura, expurgando a maldade e aperfeiçoando-se na bondade.
....O Espírito, quando o corpo morre, toma outro corpo, ou outros corpos, tantos quantos sejam necessários para terminar a tarefa.
Bonita doutrina! dirão uns; belos ensinos! dirão outros....e perguntarão: "Se assim fosse certamente nos lembraríamos da nossa existência ou de nossas existências passadas....responderemos: quem pode penetrar nas profundezas do subconsciente?
....O esquecimento do passado é necessário ao nosso bem-estar presente e ao nosso progresso; permite ação mais livre e nos ajuda a passar mais suavemente pelas provas a que nos submetemos.
Se todos conservassem a lembrança de existências passadas....essa lembrança....associar-se-ia à recordação de todas as pessoas com quem vivemos e ficaríamos conhecendo não só a nossa vida anterior como a dos que nos cercam, pricipalmente se os seres com quem convivemos tivessem convivido conosco na presente vida.
E o que resultaria daí?
Não é difícil prever a série de perturbações e contrariedades a que ficariamos submetidos. A vida de todos ficaria devassada para uns e outros.
....O perdão qaue Deus nos concede, é o esquecimento das faltas; se não houvesse esse esquecimento, viveríamos sob a dor pungitiva dos crimes praticados, pois é certo que os praticamos dada a inferioridade em que nos achamos. Não é o remorso que nos dilacera de dor?
Eis por que Deus, em seus altos desígnios, não permite que nos recordemos de nossas existências passadas.
Entretanto, alguns há que se lembram, não só da sua passada existência, como de diversas vidas que tiveram na Terra. Outros há a quem é revelada a existência anterior.
....Cada um de nós revela o que foi, por isso uns nascem com disposição para o bem, outros para o mal. O "pecado original" consiste nos erros e faltas de nossa passada encarnação, erros que precisamos corrigir para obtermos a felicidade que desejamos. E Deus nos concede sempre meios e tempo para esse trabalho de aperfeiçoamento.
O Senhor não apaga, a quem quer seja, a lâmpada da esperança; os nossos trabalhos, as nossas dores, as nossas fadigas nunca são esquecidas pelo bom Deus."


( Texto extraído do livro "Parábolas e Ensinos de Jesus", de Caibar Schutel, Editora "O Clarim" )