ALLAN KARDEC

quarta-feira, 18 de julho de 2012

DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM VII, DE ALLAN KARDEC


1003. A duração dos sofrimentos do culpado na vida futura é arbitrária ou subordinada a alguma lei?
- Deus nunca age de maneira caprichosa e tudo no Universo é regido por leis que revelam a sua sabedoria e a sua bondade.
1004. O que determina a duração dos sofrimentos do culpado?
- O tempo necessário ao seu melhoramento. O estado de sofrimento e de felicidade sendo proporcional ao grau de pureza de Espírito, a duração e a natureza dos seus sofrimentos dependem do tempo que ele precisa para se melhorar. à medida que ele progride e que os seus sentimentos se depuram, seus sofrimentos diminuem e se modificam.São Luis
1006. A duração dos sofrimentos do Espírito pode ser eterna?
- Sem dúvida, se ele fosse eternamente mau, ou seja, se jamais tivesse de se arrepender nem de se melhorar. Então, sofreria eternamente. Mas Deus não criou seres eternamente votados ao mal. Criou-os apenas simples e ignorantes, todos devem progredir num tempo mais ou menos longo, de acordo com a própria vontade. Esta pode ser mais ou menos retardada, assim como há crianças mais ou menos precoces, mas cedo ou tarde ela se manisfesta por uma irresistível necessidade que o Espírito sente em sair da sua inferioridade e ser feliz. A lei que rege a duração das penas é portanto eminentemente sábia e benevolente, pois subordina essa duração aos esforços do Espírito, jamais lhe tirando o livre-arbítrio; se dele faz mau uso, sofrerá as consequências disso. São Luis
1008. A duração das penas depende sempre da vontade do Espírito não existindo as que lhe são impostas por um determinado tempo?
- Sim, há penas que lhe podem ser impostas por determinado tempo, mas Deus que não desejava senão o bem de suas criaturas, aceita sempre o arrependimento, e o desejo de se melhorar nunca é estéril.São Luis
1009. Segundo isso, as penas impostas jamais seriam eternas?
- Consultai o vosso bom senso, a vossa razão e perguntai se uma condenação perpétua, em consequência de alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de Deus. Que é, com efeito, a duração da vida, mesmo que fosse de cem anos, em relação à eternidade? Eternidade! Compreendeis bem essa palavra? Sofrimento, tortura sem fim e sem esperança, apenas por algumas faltas! Não repugna ao voso próprio cirtério semelhante pensamento? Que os antigos tivessem visto no Senhor do Universo um Deus terrível, invejoso e vingativo, compreende-se; na sua ignorância emprestaram à divindade as paixões dos homens. Mas não é esse o Deus dos cristãos, que coloca o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas no plano das primeiras virtudes; poderia ele mesmo não ter as qualidades que exige como um dever? Não há contradição em se lhe atribuir a bondade infinita e a vingança inifinita? Dizeis que antes de tudo ele é justo e que o homem não compreende sua justiça. Mas a justiça não exclui a bondade e Deus não seria bom se destinasse às penas horríveis e perpétuas a maioria de suas criaturas.Poderia fazer da justiça uma obrigação para seus filhos, se não lhes desse os meios de a compreender? Aliás, não é sublime a justiça unida à bondade, que faz a duração das pensas depender dos esforços do culpado para se melhorar? Nisto se encontra a verdade do preceito: " A cada um segundo as suas obras." Santo Agostinho
Deseja-se incitar o homem ao bem e desviá-lo do mal pelo engodo das recompensas e o terror dos castigos, mas se esses castigos são apresentados de maneira que a razão repele, não terão sobre ele nehuma influência. Longe disso, ele rejeitará tudo: a forma e o fundo. Que se lhe apresente, pelo contrário, o futuro de uma forma lógica,  ele não o recusará. O Espiritismo lhe dá essa explicação.
A doutrina da eternidade das penas, no seu sentido absoluto, faz do Ser Supremo um Deus implacável. Seria lógico dizer-se que um sobernao é mutio bom, muito benevolente, muito indulgente, que não deseja senão a felicidade dos que o rodeiam, mas que ao mesmo tempo é invejoso, vingativo, de um rigor inflexível e que pune com o suplício máximo três quartas partes de seus súditos por uma ofensa ou uma infração às suas leis, ainda mesmo aqueles que faliram por não as conhecer? Não seria isso uma contradição? Pois bem: Deus pode ser menos do que o seria um homem?
Outra contradição se apresenta neste caso. Desde que Deus tudo sabe, sabia então, ao criar uma alma, que ela teria de falir; ela estava desde a formação destinada à infelicidade eterna; isto é possível, é racional? Com a doutrina das penas relativas tudo se justifica. Deus sabia, sem dúvida, que ela teria de falir, mas lhe dá os meios de se esclarecer por sua própria experiência e pelas suas próprias faltas. É necessário que ela expie os seus erros para melhor se firmar no bem, mas a porta da esperança jamais lhe será fechada e Deus faz depender o momento da sua libertação dos esforços que ela fizer para o atingir. Eis o que todos podem compreender, o que a lógica mais meticulosa pode admitir. Se as penas futuras tivessem sido apresentadas dessa maneira, haveria muito menos céticos.
A palavra eterna é quse sempre empregada na linguagem comum em sentido figurado, para designar uma coisa de longa duração e da qual não se prevê o termo, embora se saiba muito bem que esse termno existe. Dissemos, por exemplo, os gelos eternos das altas montanhas, dos pólos, embora saibamos, de um lado, que o mundo físico poe ter um fim, e de outra parte, que o estado dessas regiões pode modificar-se pelo deslocamento normal do eixo da Terra ou por um cataclismo. A palavra eterna, nesse caso, não quer dizer duração infinita. Quando sofremos uma longa doença dizemos que o nosso mal é eterno. Que há, pois, para admirar, se os Espíritos que sofrem desde muitos anos, desde séculos, até mesmo de milhares de anos, também digam assim? Não nos esqueçamos, sobretudo, de que sua inferioridade não lhes permitindo ver o termo da rota, eles crêem sofrer para sempre, o que é para eles uma punição....
No dia em que a religião admitir essa interpretação, bem como outras que são igualmente a consequência do progresso da luzes, reconduzirá ao seu seio muitas ovelhas desgarradas.

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