ALLAN KARDEC

quarta-feira, 18 de julho de 2012

EXPIAÇÃO E ARREPENDIMENTO

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO QUARTO, CAPÍTULO II, ITEM VI, DE ALLAN KARDEC


990. O arrependimento se verifica no estado corpóreo ou no estado espiritual?
- No estado espiritual. Mas pode também verificar-se no estado corpóreo, quando bem compreendeis a distinção entre o bem e o mal.
991. Qual é a consequência do arrependimento no estado espiritual?
- O desejo de uma nova encarnação para se purificar. O espírito compreende as imperfeições que o impedem de ser feliz e aspira a uma nova existência, onde possa expiar as suas faltas.
992. Qual é a consequência do arrependimento no estado corpóreo?
- Adiantar-se ainda na vida presente, se houver tempo para reparação das faltas. Quando a consciência reprova e mostra uma imperfeição sempre se pode melhorar.
994. O homem perverso, que durante a vida não reconheceu suas faltas, sempre as reconhecerá depois da morte?
- Sim, sempre as reconhece e então sofre mais porque sente todo o mal que praticou ou do qual foi a causa voluntária. Entretanto, o arrpendimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que se obstinam no mau caminho apesar dos sofrimentos, mas cedo ou tarde reconhecerão haver tomado uma senda falsa e o arrependimento se manifestará. É para os esclarecer que os bons Espíritos trabalham e que vós mesmos podeis trabalhar.
998. A expiação se realiza no estado corpóreo ou no estado de Espírito?
- Ela se cumpre na existência corpórea, através das provas a que o Espírito é submetido, e na vida espritual pelos sofrimentos morais decorrentes do seu estado de inferioridade.
999. O arrependimento sincero durante a vida é suficiente para extinguir as faltas e fazer que se mereça a graça de Deus?
- O arrependimento auxilia a melhora do Espírito, mas o passado deve ser expiado.
999-a. Se de acordo com isso um criminoso dissesse que, tendo de expiar o passado, não precisa de se arrepender, quais seriam para ele as consequências?
- Se teimar no pensamento do mal sua expiação será mais longa e mais penosa.
1000. Podemos, desde esta vida, resgatar as nossas faltas?
- Sim, reparando-as. Mas não julgueis resgatá-las por algumas privações pueris ou por meio de doações de após a morte, quando de nada mais necessitais. Deus não considera um arrependimento estéril, sempre fácil e que só custa o trabalho de bater no peito. A perda de um dedo, quando se presta um serviço, apaga maior número de faltas do que o cilício suportado durante anos, sem outro objetivo que o bem de si mesmo. O mal não é reparado senão pelo bem e a reparação não tem mérito algum se não atingir o homem no seu orgulho ou nos interesses materiais. De que serve como justificação, restituir após a morte os bens mal adquiridos, que foram desfrutados em vida e já não lhe servem para nada? De que lhe serve a privação de alguns gozos fúteis e de algumas superfluidades, se o mal que cometeu para outro continua o mesmo? De que lhe serve, enfim, humilhar-se diante de Deus, se conserva o seu orgulho diante dos homens?
1001. Não há nenhum mérito em se assegurar, após a morte, um emprego útil para os bens que deixamos?
- Nenhum mérito não é bem o termo; isso vales sempre mais do que nada; mas o mal é que aquele que dá ao morrer geralmente é mais egoísta do que generoso: quer ter as honras do bem sem lhe haver provado as penas. Aquele que se priva em vida tem duplo proveito; o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que beneficiou. Mas há sempre o egoísmo a dizer ao homem: o que dás, tiras dos teus próprios gozos. E como o egoísmo fala mais alto que o desinteresse e a caridade, ele guarda em vez de dar, sob o pretexto das suas necessidades e das exigências da sua posição. Ah! Lastimai aquele que desconhece o prazer de dar, porque foi realmente deserdado de um dos mais puros e suaves gozos do homem. Deus, subemetendo-o à prova da fortuna, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, quis dar-lhe em compensação a ventura da generosidade, de que ele pode gozar neste mundo.
1002. O que deve fazer aquele que em artigo de morte reconhece as suas faltas mas não tem tempo para repará-las? É suficiente arrepender-se, nesse caso?
- O arrependimento apressa a sua reabilitação, mas não o absolve. Não tem ele o futuro pela frente, que jamais se lhe fecha?

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