ALLAN KARDEC

sexta-feira, 13 de julho de 2012

DEUS

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO PRIMEIRO, CAPÍTULO I, DE ALLAN KARDEC

I - DEUS E O INFINITO

1. O que é Deus?
- Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
2. O que devemos entender por infinito?
- Aquilo que não tem começo nem fim; o desconhecido; todo o desconhecido é infinito.
3. Poderíamos dizer que Deus é o infinito?
- Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir as coisas que estão além da sua inteligência.
Deus é infinito nas suas perfeições, mas o infinito é uma abstração, dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda não conhecida, por outra que também não o é.

II - PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

4. Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?
- Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá.
Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação. O Universo existe, ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus, seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.

III - ATRIBUTOS DA DIVINDADE

13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma idéia completa de seus atributos?
- Do vosso ponto de vista, sim, poque acreditais abranger tudo; mas ficai sabendo que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente e para as quais a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e às vossas sensações, não dispõe de expressões. A razão vos diz que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, pois se tivesse uma de menos, ou que não fosse em grau infinito, não seria superior a tudo, e por conseguinte não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não deve estar sujeito a vicissitudes e não pode ter nenhuma das imperfeições que a imaginação é capaz de conceber.
Deus é eterno. Se ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou então, teria sido criado por um ser anterior. É assim que, pouco a pouco, remontamos ao infinito e à eternidade.
É imutável. Se ele estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nehuma estabilidade.
É imaterial. Quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma ele não seria imutável, estando sujeito a transformações da matéria.
É o único. Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de vistas nem de poder na organização do Universo.
É todo-poderoso. Porque é único. Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto ele, que assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que ele não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e esta sabedoria não nos permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade.

IV - PANTEÍSMO

14. Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?
- Se assim fosse, Deus não existiria, porque seria efeito e não a causa; ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma coisa e outra.
- Deus existe, não o podeis duvidar, e isso é o essencial. Acreditai no que vos digo e não queirais ir além. Não vos percais num labirinto de onde não poderieis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado, todos esses sistemas; tendes que vos desembaraçar de muitas coisas que vos tocam mais diretamente. Isto vos será mais útil do que querer penetrar o que é impenetrável.

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