ALLAN KARDEC

domingo, 15 de julho de 2012

O BEM E O MAL

CONFORME "O LIVRO DOS ESPÍRITOS", LIVRO TERCEIRO, CAPÍTULO I, ITEM III, DE ALLAN KARDEC


629. Que definição se pode dar à moral?
- A moral é a regra da boa conduta e portanto da distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observação da lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo tendo em vista o bem e para o bem  de todos, porque então observa a lei de Deus.
630. Como se pode distinguir o bem do mal?
- O bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus e o mal é tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é se conformar à lei de Deus; fazer o mal é infringir essa lei.
631. O homem tem meios para distinguir por si mesmo o bem e o mal?
- Sim, quando ele crê em Deus e quando o quer saber. Deus lhe deu a inteligência para discernir um e outro.
632. O homem, que é sujeito a errar, não pode  engarnar-se na apreciação do bem e do mal e crer que faz o bem quando em realidade está fazendo o mal?
- Jesus vos disse: vede o quereríeis que voz fizessem ou não; tudo se resume nisso. Assim não vos enganarei.
633. A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, não pode ser aplicada à conduta pessoal do homem para consigo mesmo. Encontra ele, na lei natural, a regra desta conduta e um guia seguro?
- Quando comeis de mais, isso vos faz mal. Pois bem; é Deus que vos dá a medida do que vos falta. Quando a ultrapassais, soi punidos. O mesmo se dá com tudo o mais. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades; quando ele o ultrapassa é punido pelo sofrimento. Se o homem escutasse, em todas as coisas, essa voz que diz: chega, evitaria a maior parte dos males de que acusa a Natureza.
636. O bem e o mal são absolutos para todos os homens?
- A lei de Deus é a mesma para todos; mas o mal depende, sobretudo, da vontade que se tenha de fazê-lo. O bem é sempre o bem e o mal sempre mal, qualquer que seja a posição do homem; a diferença está no grau de responsabilidade.
639. O mal que se comete não resulta frequentemente da posição em que os outros nos colocaram, e nesse caso quais são os mais culpáveis?
- O mal recai sobre aquele que o causou. Assim, o homem que é levado ao mal pela posição em que os outros o colocaram é menos cumpável que aqueles que o causaram pois cada um sofrerá a pena não somente do mal que tenha feito, mas também do que houver provocado.
640. Aquele que não faz o mal, mas aproveita o mal praticado por outro, é culpável no mesmo grau?
- É como se o cometesse; ao aproveitá-lo, torna-se participante dele. Talvez tivesse recuado diante da ação; mas, se ao encontrá-la realizada, dela se serve, é porque a aprova e a teria praticado se pudesse ou se tivesse ousado.
641. O desejo do mal é tão repreensível quanto o mal?
- Conforme; há virtude em resistir voluntariamente ao mal que se sente desejo de praticar, sobretudo quando se tem a possibilidade de satisfazer esse desejo; mas se o que faltou foi apenas a ocasião, o homem é culpável.
642. Será suficiente não se fazer o mal para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?
- Não; é preciso fazer o bem no limite das prórprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.
643. Há pessoas que, por sua posição na tenham possibilidade de fazer o bem?
- Não há ninguém que não possa fazer o bem; somente o egoísta não encontra jamais a ocasião de praticá-lo. É suficiente estar em relação com outros homens para se fazer o bem, e cada dia da vida oferece essa possilibilidade a quem não estiver cego pelo egoísmo porque fazer o bem não é apenas ser caridoso mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se faça necessário.
644. O meio em que certos homens vivem não é para eles o motivo principal de muitos vícios e crimes?
- Sim, mas ainda nisso há uma prova escolhida pelo Espírito no estado de liberdade; ele quis se expor à tentação para ter o mérito da resistência.
645. Quando o homem está mergulhado na atmosfera do vício o mal não se torna para ele um arrastamento quase irresistível?
- Arrastamento, sim, irresistível, não, porque no meio dessa atmosfera de vícios podes encontrar grandes virtudes. São Espíritos que tiveram a força de resistir e que tiveram, ao mesmo tempo, a missão de exercer uma boa influência sobre os seus semelhantes.
909. ( do livro terceiro, cap, XII, item II ) O homem poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços?
- Sim, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a vontade. Ah, como são poucos os que se esforçam!
910. ( idem ). O homem pode encontrar nos /Espíritos uma ajuda eficaz para superar as paixões?
- Se orar a Deus e ao seu bom gênio com sinceridade os bons Espíritos virão certamente em seu auxílio, porque essa é a sua missão.
911. ( idem ). Não existem paixões de tal maneira vivas e irresistíveis que a vontade seja impotente para as superar?
- Há muitas pessoas que dizem: "Eu quero!" mas a vontade está apenas nos seus lábios. Elas querem mas estão muito satisfeitas de que não pode superar suas paixões é que o seu Espírito nelas se compraz por consequência de sua própria inferioridade. Aquele que procura reprimi-las compreende a sua natureza espiritual; vencê-las é para ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.
646. O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem?
- O mérito do bem está na dificuldade; não há nenhum em fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão, que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o  disse a propósito do óbolo da viúva.


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