ALLAN KARDEC

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O TEMPO


"Os períodos cósmicos nos esmagam com um formidável amontoado de séculos.
O Tempo, como o espaço, é uma palavra que se define a si mesma. Mais exata idéia dele se faz, estabelecendo-se a relação que guarda com todo infinito.
O Tempo é a sucessão das coisas. Está ligado à eternidade, do mesmo modo por que essas coisas se acham ligadas ao infinito. Suponhamo-nos na origem do nosso mundo, naquela época primitiva em que a Terra ainda não se balouçava sob a impulsão divina.
Numa palavra: no começo da gênese.
Aí, o tempo ainda não saiu do misterioso berço da natureza e ninguém pode dizer em que época de séculos está, pois que o balancim dos séculos ainda não foi posto em movimento.
Mas, silêncio! a primeira hora de uma Terra isolada soa no relógio eterno, o planeta se move no espaço e, desde então, há tarde e manhã. Fora da Terra, a eternidade permance impassível e imóvel, se bem o tempo avance para muitos outros mundos. Na Terra, o tempo a substitui e, durante uma série de determinado de gerações, contar-se-ão os anos e os séculos.
Transportemo-nos agora ao último dia deste mundo, à hora em que, curvado sob o peso da vetustez, a Terra se apagará do livro da vida, para aí não mais reaparecer. Nesse ponto, a sucessão dos eventos se detém, interrompem-se os movimentos terrestres que mediam o tempo e este finda com eles.
Quantos mundos na vasta amplidão, tantos tempos diversos e imcompatíveis. Fora dos mundos, só a eternidade substitui essas efêmeras sucessões e enche, serenamente, da sua luz imóvel, a imensidade dos céus. Imensidade sem limites e eternidades sem limites, tais as duas grandes propriedades da natureza universal.
Agem concordes, cada uma na sua senda, para adquirirem esta dupla noção do infinito: extensão e duração, assim o olhar do observador, quando atravessa, sem nunca ter de parar, as incomensuráveis distâncias do espaço, como o geólogo, que remonta até muito além dos limites das idades, ou que desce às profundezas da eternidade onde eles um dia se penderão.
Também estes ensinamentos a Ciência os confirma.
Ao cabo de numerosas observações, mais de trezentos milhões de anos transcorreram depois da solidificação das camadas superficiais do nosso esferóide.
A história do homem não passa de imperceptível ondulação na superfície do imenso oceano do tempo."
( Gabriel Delanne )

( Texto extraído do livro "A Alma é Imortal", de Gabriel Delanne )

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