ALLAN KARDEC

quarta-feira, 12 de março de 2014

O PORQUÊ DA VIDA


"O que importa ao homem saber, acima de tudo é: o que ele é, donde vem, para onde vai, qual o seu destino. As idéias que fazemos do Universo e de suas leis, da função que cada um deve exercer sobre este vasto teatro, são de importância capital. Por ela dirigimos nossos atos. Consultando-as, estabelecemos um objetivo em nossas vidas e para ele caminhamos. Para as coletividades, como para o indivíduo, é a concepção do mundo e da vida que determina os deveres, fixa o caminho a seguir e as revoluções a adotar.
Tem-se o instinto do progresso, pode-se caminhar mas, para chegar aonde? O homem, ignorante de seus destinos, é semelhante a um viajante que percorre maquinalmente um caminho sem conhecer o ponto de partida nem o da chegada, sem saber porque viaja e que, por conseguinte, está sempre disposto a parar ao menor obstáculo, perdendo tempo e descuidando-se do objetivo a atingir.
Se a vida estivesse circunscrita ao período que vai do berço à tumba, se as perspectivas da imortalidade não viessem esclarecer a sua existência, o homem não teria outra lei, senão a de seus instintos, apetites e gozos.
O egoísmo, bem compreendido, seria a suprema sabedoria.
A negação da vida futura suprime também toda sanção moral.
Se tudo terminasse com a morte o ser não teria nenhuma razão de se constranger, ou conter seus instintos e seus gostos.
O bem e o mal, o justo e o injusto se confundiriam igualmente e se misturariam no nada. E o suicídio seria sempre um meio de escapar aos rigores das leis humanas.
A crença no nada, ao mesmo tempo que arruína toda sanção moral, deixa sem solução o problema da desigualdade das existências, naquilo que toca à diversidade das faculdades, das aptidões, das situações e das mentes.
A imortalidade se assemelha a uma cadeia sem fim e se desenvolve para cada um de nós na imensidade dos tempos. Cada existência é um elo que religa, na frente e atrás, a elos distintos, a vidas diferentes, mas solidárias entre si. O presente é consequência do passado e preparação para o futuro.
De degrau em degrau, o ser se eleva e cresce.
Artesã de seu próprio destino, a alma humana, livre e responsável, escolhe o caminho e, se este caminho é mau, as quedas que advirão, as pedras e os espinhos que a dilacerão , terão o efeito de desenvolver a sua experiência e esclarecer a sua razão nascente."

Léon Denis

( Texto extraído do livro "O Porquê da Vida", de Léon Denis )

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