ALLAN KARDEC

terça-feira, 26 de junho de 2012

A REENCARNAÇÃO - LÉON DENIS

AS VIDAS SUCESSIVAS E SUAS LEIS, segundo o filósofo espírita LÉON DENIS



"A alma, depois de residir temporáriamente no Espaço, renasce na condição humana, trazendo consigo a herança boa ou má, do seu passado; renasce criancinha, reaparece na cena terrestre para representar um novo ato do drama da sua vida, pagar as dívidas que contraiu, conquistar novas capacidades que lhe hão de facilitar as ascensão, acelerar a marcha para a frente.
A lei dos renascimentos explica e completa o principio da imortalidade. A evolução do ser indica um plano e um fim. Esse fim, que é a perfeição, não pode realizar-se em uma existência só, por mais longa que seja. Devemos ver na pluralidade das vidas da alma a condição necessária de sua educação e de seus progressos. É à custa dos próprios esforços, de suas lutas, de seus sofrimentos, que ela se redime de seu estado de ignorância e de inferioridade e se eleva, de degrau a degrau, na Terra primeiramente, e, depois, através das inumeráveis estâncias do céu estrelado.
A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres. Sem ela, não se vê sanção moral satisfatória e completa; não há possibilidade de conceber a existência de um Ser que governe o Universo com justiça.
Se admitirmos que o homem viva atualmente pela primeira vez neste mundo, que uma única existência terrestre é o quinhão de cada um de nós, a incoerência e a parcialidade, forçoso seria reconhecê-lo, presidem à repartição dos bens e dos males, das aptidões e das faculdades, das qualidade nativas e dos vícios originais. Por que para uns a fortuna, a felicidade constante e para outros a miséria, a desgraça inevitável? Para estes a força, a saúde, a beleza; para aqueles a fraqueza, a doença, a fealdade? Por que a inteligência, o gênio, aqui; e, acolá, a imbecilidade? Como se encontram tantas qualidades admiráveis, a par de tantos vícios e defeitos... E as enfermidades inatas, a cegueira, a idiotia, as deformidades, todos os infortúnios que enchem os hospitais, os albergues noturnos, as casas de correção? A hereditariedade não explica tudo; na maior parte dos casos, estas aflições não podem ser consideradas como o resultado de causas atuais. Sucede o mesmo com os favores da sorte. Muitíssimas vezes, os justos parecem esmagados pelo peso da prova, ao passo que os egoístas e os maus prosperam!
Por que também as crianças mortas antes de nascer e as que são condenadas a sofrer desde o berço?
Certas existências acabam em poucos anos, em poucos dias; outras duram quase um século! Donde vêm também os jovens-prodígios - músicos, pintores, poetas, todos aqueles que, desde a meninice,
mostram disposições extraordinárias para as artes ou para as ciências, ao passo que tantos outros ficam na mediocridade toda a vida, apesar do labor insano? E igualmente,  donde vêm os instintos precoces, os sentimentos inatos de dignidade ou baixeza constrastando às vezes tão estranhamente com o meio em que se manifestam?
Se a vida individual começa somente com o nascimento terrestre, se, antes dele, nada existe, debalde se procurarão explicar estas diversidades pungentes, estas tremendas anomalias e ainda menos poderemos conciliá-las com a existência de um poder sábio, previdente, equititativo... Ao contrário, tudo se explica, se torna claro com a doutrina das vidas sucessivas. A lei da justiça revela-se nas menores particularidades da existência. As desigualdades que nos chocam resultam das diferentes situações ocupadas pelas almas nos seus graus infinitos de evolução. O destino do ser não é mais do que o desenvolvimento, através das idades, da longa série de causas e efeitos gerados por seus atos.Nada se perde; os efeitos do bem e do mal se acumulam e germinam em nós até o momento de desabrocharem... Nenhum desses efeitos pode desaparecer por si mesmo; só a reparação tem esse poder.
Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer a semente do passado... para nossa felicidade ou para a nossa desgraça.
... Assim, a sanção moral, tão insuficiente, às vezes tão sem valor, quando é estudada sob o ponto de vista de uma vida única, reconhece-se absoluta e perfeita na sucessão de nossas existências. Há uma íntima correlação entre os nossos atos e o nosso destino. Sofremos em nós mesmos, em nosso ser interior e nos acontecimentos da nossa vida, a repercurssão do nosso proceder... Até agora, na sua incerteza, na sua ignorância, ele o construiu às apalpadelas e sofreu a sua sorte sem poder explicá-la. Não tardará o momento em que, mais bem instruído, penetrado pela magestade das leis superiores, compreenderá a beleza da vida, que reside no esforço corajoso, e dará à sua obra um impulso mais nobre e elevado."



( texto extraído do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", de Léon Denis, da editora da FEB ). 

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