ALLAN KARDEC

sábado, 11 de agosto de 2012

A CÓLERA

9. " O orgulho induz vocês a se julgarem mais do que são. Vocês não suportam uma comparação que lhes possa rebaixar. Vocês se consideram tão acima de seus irmãos, quer em inteligência, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo estabelecido com as demais criaturas humanas os irrita e os aborrece.
Que acontece então? Vocês se entregam à cólera!
Procurem a origem desses acessos de demência passageira, que os assemelham ao homem bruto; procurem-na e vocês a encontrarão, quase sempre, no orgulho ferido.
Não é senão o orgulho ferido por uma contrariedade o que os leva a rejeitar observações justas, o que lhes faz repelir, coléricos, os mais sábios conselhos? As prórias impaciências, que se originam de contrariedades pueris, decorrem da importância que vocês dão à sua própria personalidade, diante da qual vocês querem que todos se dobrem.
No seu delírio, o homem colérico atira-se contra tudo, como um ser primitivo, quebrando objetos inanimados porque estes não lhe obedecem. Ah! se nesses momentos ele pudesse observar-se com frieza, de duas uma: ou teria medo de si mesmo ou se acharia bem ridículo! Que julgue, por isso, a impressão de espanto e temor que produz sobre os que estejam à sua volta. Quando não fosse pelo respeito devido a si próprio, ele deveria esforçar-se para domar essa tendência que o torna digno de piedade.
Se examinasse com atenção que a cólera não soluciona coisa alguma, mas que desequilibra a sua saúde, comprometendo mesmo a sua vida, reconheceria ser ele próprio a primeira vítima de sua cólera. Se isso não bastasse, uma outra consideração deveria contê-lo: a de que torna infelizes todos aqueles que com ele convivem.
Se o colérico tem sentimentos não registrará uma ponta de remorso por fazer sofrer os entes que ele mais ama? E que pesar mortal se, numa crise de fúria colérica, ele cometesse um ato de que se recriminasse por toda a sua vida!
Em resumo, a cólera não exclui certas qualidades do coração. Impede, porém, que muito se faça o bem e pode levar a muito fazer-se o mal. Isso deverá ser suficiente para induzir o colérico a fazer um grande esforço para dominar-se.
O Espírita é convidado ao controle de si próprio por outro motivo: a coléra é contrária à caridade e à humildade cristãs."  ( Um Espírito Protetor, 1863 )


( Conforme "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo IX )

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