ALLAN KARDEC

sábado, 4 de agosto de 2012

O DEVER

CONFORME "O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO", CAPÍTULO XVII, ITEM 7, DE ALLAN KARDEC


" O dever é a obrigação moral, primeiramente consigo mesmo e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Encontramo-lo nas menores ações e, também, nos atos mais elevados.
Venho falar, aqui, do dever moral e não daqueles deveres impostos pelas diversas profissões.
No campo dos sentimentos, o dever  moral é díficil de ser cumprido, porque, quase sempre, se encontra em choque com as seduções dos interesses próprios e do coração desajustado. As suas vitórias não tem testemunhas e as suas derrotas não tem repressão na justiça da Terra.
O dever íntimo do homem está entregue a seu livre arbítrio. O estímulo da consciência, essa guardiã da sua honra íntima, o adverte e o sustenta na linha do dever moral. Mas ele, frequentemente, se mostra sem forças diante das falsidades brilhantes da paixão.
O dever do coração, que se move na lei do amor, se for fielmente observado, eleva espritualmente o homem.
Mas, como definir esse dever?
Onde ele começa? Onde termina?
O dever do coração começa exatamente no ponto em que você ameaça a felicidade ou a tranquilidade de seu próximo, termina no limite que você não desejaria ver ninguém transpor em relação a você mesmo.
Deus criou todos os homens iguais diante da dor. Pequenos ou grandes, ignorantes ou esclarecidos, todos sofrem pelas mesmas coisas, a fim de que cada um examine o mal que pode ou não fazer.
O mesmo critério de exame não existe para o bem porque este é muito mais variado nas suas manifestações. A igualdade diante da dor é uma sublime providência de Deus que quer que os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal, alegando desconhecer os seus efeitos dolorosos.
O dever moral é o resumo prático de todas indagações sobre o bem e o mal. O dever é um empenho total da alma que enfrenta as agonias da luta interior entre fazer o bem ou se deixar arrastar para o mal. Ele é, por isso, severo e brando, pronto a dobrar-se diante das diversas complicações, mas indobrável diante das tentações nascidas do interior do próprio homem.
O homem que cumpre o seu dever, ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo.
Ele é, ao mesmo tempo, juiz e réu, julgando as suas próprias ações e se condenando naquelas em que agiu mal.
O dever moral é a mais bela conquista da razão. Ele nasce da razão, como o filho nasce da mãe. O homem deve amar o dever, não porque ele o preserva dos males da vida, males esses dos quais os homens não podem excluir-se, mas deve amá-los porque ele lhe dará à alma o vigor necessário para a sua evolução.
O dever moral cresce e ganha luzes sob um forma mais elevada, em cada um dos estágios superiores da Humanidade. A obrigação moral da ciratura para com Deus não termina jamais, porque o homem deve espelhar em si as virtudes divinas. O Criador não aceita as criaturas como rascunho imperfeito, pois quer que a grandeza de sua obra seja como um Sol diante de si". ( Lázaro, Paris, 1863 )

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